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Caged: país perde 63,6 mil empregos em março e frustra expectativa, mas salário indica retomada

O país perdeu 63.624 vagas de emprego formal em março, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho. No mesmo mês do ano passado, a retração foi de 118 mil postos de trabalho.

O número frustrou a expectativa dos analistas, que esperavam criação de vagas em março, como ocorreu em fevereiro, apesar de o número de queda de emprego ter sido menor que o de 2016. Segundo a MCM Consultores, o resultado veio pior do que a projeção da casa, de 20 mil vagas, e abaixo do piso das projeções de mercado, que iam de -37 mil a +40 mil vagas. Mas a recuperação dos salários indica uma possível retomada.

Na série com ajuste sazonal, o saldo passou de -29,2 mil em fevereiro para -67,7 mil em março. A piora verificada no mês passado foi fruto da queda das admissões (-8,0% sobre o mês anterior) em ritmo mais intenso ao das demissões (-4,7%).

Fonte: MCM Consultores

Considerando o número do Caged, o Departamento Econômico do Bradesco estima que a taxa de desemprego tenha alcançado 13,7% na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua de março, que sai na semana que vem, com manutenção do ritmo de queda da população ocupada.

Comemoração precipitada 

Em fevereiro, o resultado havia sido positivo, com a criação de 35.612 vagas formais, o que levou o presidente Michel Temer a comemorar a retomada da criação de empregos depois de 22 meses seguidos de queda.

O mês de março apresentou uma variação negativa de -0,17% em relação ao estoque do mês anterior. Foram registradas 1.261.332 admissões contra 1.324.956 desligamentos. No acumulado do ano, a queda foi de 64.378 postos de trabalho.

Comércio puxa demissões

Dentre os setores, apenas na agropecuária (1,3 mil) e na administração pública (40 vagas) houve criação líquida de postos de trabalho, mas em ritmo menos intenso do que o verificado em fevereiro. No segmento de serviços, o saldo voltou a ficar negativo em 29,7 mil vagas, ante criação líquida de 15,7 mil em fevereiro, observa a MCM.

No comércio, o fechamento de vagas se intensificou em março, atingindo -15,2 mil postos de trabalho, frente ao resultado de -8,3 mil no mês anterior. Na construção civil, por sua vez, o ritmo de fechamento de vagas tem perdido força nos últimos meses, passando de -20,9 mil em fevereiro para -14,8 mil postos em março. 

Fonte: MCM Consultores

De acordo com o ministério do Trabalho, tradicionalmente, os resultados de março sofrem forte influência de fatores sazonais negativos. Um exemplo, segundo o ministério, é o comércio varejista, que se apresenta negativo no mês de março, mesmo em anos de forte crescimento econômico.

Embora o saldo geral tenha sido negativo, alguns estados registraram bom desempenho na criação de empregos, como o Rio Grande do Sul (+5.236 postos), puxado pelos setores da Indústria de transformação e do comércio e Goiás (+4.304 postos), devido à expansão do setor da agropecuária.

Salário real mostra retomada

O salário médio real de admissão teve elevação de 3,6% em relação a março de 2016, após crescimento de 3,0% em fevereiro e de 2,8% em janeiro, destaca a MCM. Assim como nos meses anteriores, a elevação se deveu principalmente por conta das contribuições dos setores de serviços e comércio. Sobre o mês de fevereiro, houve elevação de 0,6%. Já o salário real de demissão cresceu 2,9% em relação ao mesmo mês de 2016 (mesmos 2,9% em fevereiro), e 0,3% sobre o mês anterior.

A subida do salário de admissão mostra uma tendência de recuperação do emprego, com os empregadores deixando de apenas substituir empregados com salários mais altos por outros com salário mais baixo, como indica o gráfico.

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Para a MCM, o ganho real obtido nos novos salários pode apontar para início da recuperação nos próximos meses, a despeito dos dados pouco animadores de criação líquida de vagas no setor formal. No entanto, esse caminho será lento: vale lembrar que não apenas o saldo de geração de empregos permanece negativo como também o patamar de admissões e demissões ainda está baixo, o que sinaliza baixa rotatividade. Esse quadro corrobora para um cenário de saldo positivo do Caged apenas no início de 2018, conclui a consultoria.

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