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Bradesco lança fundo de debêntures de infraestrutura com isenção de IR

A Bradesco Asset Management (Bram) lançou hoje o primeiro fundo de debêntures de infraestrutura isento de imposto para investidores pessoas físicas, de acordo com a lei 12.431. O fundo é voltado para investidores superqualificados, com aplicação mínima de R$ 1 milhão, e terá suas cotas negociadas em bolsa. Debêntures são papéis de longo prazo emitidos por empresas abertas que pagam juros mais a correção de algum indexador ligado à inflação ou ao juro do CDI.

Ou seja, assim como um fundo imobiliário, o investidor que comprar as cotas, para obter o dinheiro de volta, terá de vendê-las a outro investidor, explica Joaquim Levy, diretor-superintendente da Bram. O fundo é fechado e terá prazo definido de duração, de 15 anos.

Clientes private

O fundo começou a ser distribuído para os clientes de alta renda do segmento private do Bradesco. “Nesta primeira rodada, foi uma oferta quase fechada, para alguns clientes, até porque o fundo tem poucos papéis, ainda é muito concentrado, mas a procura foi grande”, diz Levy. Por enquanto, o fundo aplica em três debêntures, e se prepara para comprar mais duas. A carteira poderá ainda comprar também cotas de fundos de direitos creditórios (Fidcs), também ligados à infraestrutura.

Segundo Levy, a vantagem do fundo é trazer para o investidor pessoa física papéis que estariam fora de seu alcance e oferecer ainda o serviço de um gestor especializado, que faz também a avaliação de crédito dos projetos. Ele admite, porém, que o volume de emissões de infraestrutura ainda é baixo e de papéis “muito básicos”, ou seja, com remuneração relativamente baixa, de obras já concluídas.

”Mas devemos ter novas emissões mais interessantes, com outros perfis de risco, como de obras no meio do caminho ou de ampliações”, diz o executivo. Os papéis comprados pelo fundo devem ter um prazo médio de maturação de 7 a 10 anos. “É um fundo de longo prazo”, explica Levy.

Ele não informou a taxa de administração do fundo, mas disse que ela será compatível com a de carteiras voltadas para a alta renda, abaixo de 1% ao ano.

O tamanho final do fundo vai depender da oferta de papéis de empresas no mercado que, por sua vez, deverá refletir a política de concessões do governo e sua estratégia de financiamento. Levy estima que as emissões de debêntures de infraestrutura possam chegar a totais entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões por ano. “O apetite existe, é uma proposta interessante para as empresas, mas é preciso sincronizar políticas”, diz o executivo. Se o mercado engrenar, Levy pretende lançar uma outra carteira para investidores estrangeiros.

Para Levy, que foi secretário do Tesouro Nacional, o desenvolvimento das concessões de infraestrutura é fundamental para o país, pois só com a iniciativa privada será possível aumentar a taxa de investimento brasileira. “Nosso investimento em máquinas e equipamentos é relativamente bom, o que é baixo é o investimento em infraestrutura, que é menos da metade de média mundial, de 4% do PIB”, diz. “E as concessões são caminho mais transparente e mais rápido para aumentarmos essa taxa.”

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