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Bradesco já vê Selic em 8,5% no fim deste ano com dólar e inflação para baixo

A tendência de queda no dólar e da inflação levarou o Bradesco a reduzir sua projeção para a taxa básica de juros Selic no fim deste ano, para 8,5% ao ano. A projeção anterior era de 9% ao ano, conforme relatório elaborado pela equipe comandada pelo economista-chefe Fernando Honorato Barbosa.

O Bradesco reviu também sua projeção para o dólar no fim deste ano, de R$ 3,30 para R$ 3,10, diante de notícias positivas para o real. Há fatores de curto e longo prazo, que tendem a manter o dólar em baixa também no ano que vem, o que fez o banco reduzir sua estimativa para o fim de 2018 de R$ 3,45 para R$ 3,25.

Para a inflação oficial, o IPCA, o banco estima agora 3,9% de alta neste ano, ante 4,2% na projeção anterior. Parte da revisão para baixo reflete preços dos alimentos comportados e itens ligados a serviços. Já par 2018, o Bradesco manteve a projeção de 4,5% para o IPCA, por conta da queda maior dos juros, que deve seguir em 8,5% até o fim do ano que vem.

O banco estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 0,3% este ano, depois de uma queda de 3,6% no ano passado, e de 2,5% para o ano que vem.

Sobre os juros, o Bradesco diz que “entendemos que ainda não há uma decisão fechada por parte do BC sobre o ritmo de quedas futuro (se ocorrerá via quedas de 0,75 ponto percentual ou de 1 ponto)”, afirma o relatório. “Mas entendemos que, hoje, o ritmo mais provável parece ser de 0,75% ponto”.

De qualquer modo, avalia a equipe econômica do Bradesco, os desdobramentos recentes de atividade, inflação e câmbio permitirão que a convergência dos juros para um nível “neutro”, que não prejudique a atividade nem favoreça a inflação, ocorra já dentro de 2017, ou seja, os 8,5% acontecerão já neste ano.

Economia melhor no mundo

O Bradesco destaca que, enquanto os mercados se preocupam com os riscos políticos vindos do ambiente internacional, os indicadores da economia real têm trazido sinais importantes. Há evidências de uma melhora mais ampla da economia global, puxada principalmente pelos países desenvolvidos. O Bradesco Indicador Global, calculado pelo banco, sugere que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial neste primeiro trimestre deve estar crescendo a um ritmo de 5% em relação ao trimestre anterior.

Considerando a alta das commodities metálicas, verificada neste início de ano, o crescimento mundial do PIB teria de estar ao redor de 5,5%, um dos mais fortes em muitos anos e que bate com o Indicador Global calculado pela instituição.

Com os preços das matérias-primas mais pressionados, os preços ao produtor têm avançado rapidamente. “Por ora, o repasse para o consumidor desse aumento tem acontecido de forma contida, mas a melhora da demanda sustentará uma trajetória de leve aceleração desses preços adiante”, espera o Bradesco. “É nesse contexto que o mercado tem reavaliado as expectativa para a política monetária, especialmente na Europa e nos EUA”.

Cenário de aprovação da Previdência

Segundo o Bradesco, há vários fatores que ajudam a derrubar o dólar no médio prazo. Em primeiro lugar, a alta recente dos preços das commodities continua a impulsionar os termos de troca do país, ou seja, tornando os produtos exportados pelo país mais competitivos no exterior. Os termos de troca brasileiros teriam subido 4% neste ano, o que compensa uma queda do dólar para o exportador.

Além disso, o ambiente macroeconômico de curto prazo mais favorável, com inflação em queda, maior corte dos juros entre outros, contribui para melhorar as expectativas em relação ao risco-país. “Obviamente o risco político persiste”, admite o Bradesco, “porém, entendemos que a probabilidade de aprovação de uma reforma da Previdência pouco diluída parece muito elevada”, diz o relatório.

Ao mesmo tempo, houve uma redução de riscos extremos no cenário político externo, especialmente nos Estados Unidos, com o populista Donald Trump sendo mais controlado pelas instituições americanas, incluindo o Poder Judiciário, e na França, com a candidata de ultradireita Marine Le Pen perdendo espaço para candidatos mais de centro.

Para o Bradesco, as boas perspectivas de aprovação das reformas em conjunto com boas notícias no ambiente macroeconômico levaram os Credit Default Swaps (CDS, medidas de risco do Brasil) de cinco anos a terem quedas mais acentuadas do que as de seus pares. “Ainda que a maior parte desse movimento de queda já tenha sido realizada, acreditamos que ainda há espaço adicional, especialmente com a aprovação efetiva da reforma da Previdência”, diz o Bradesco.

Termos de troca pioram no segundo semestre

A perspectiva de boa safra agrícola neste ano também eleva o potencial de entrada de dólares no país, o que pode derrubar a moeda americana e valorizar o real. Já no segundo semestre, o Bradesco espera uma queda de 10% nos termos de troca brasileiros, principalmente pela queda do minério de ferro. Além disso, a alta dos juros americanos deve afetar os preços de ativos de países emergentes em geral, diz o banco.

 

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