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Começa a contagem regressiva para a prisão de Joesley & Cia; ação da JBS sobe

As revelações das fitas escondidas por Joesley Batista, mostrando bastidores da negociação do generoso acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria Geral da República, que incluem citações a assistentes diretos de Rodrigo Janot e indicam tentativas de manipulação de integrantes do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), devem levar ao cancelamento do acordo e a um provável pedido de prisão do empresário e de alguns dos advogados e executivos envolvidos na tramoia. A questão da prisão de Joesley passa a ser assim uma questão de tempo, ou menor, de semanas, já que Janot deve tomar uma atitude antes de deixar o cargo, dia 17, para não transferir o desfecho do problema para a sucessora.

Janot já indicou que se prepara para rever o acordo, e não deve deixar barato o desgaste provocado pelo empresário para ele, para a Procuradoria e para o próprio Supremo. Sobre a possibilidade de prisão, Janot afirmou a jornalistas: “Tudo é possível”. Hoje, o ministros Luiz Fux defendeu que Joesley “passe do exílio novaiorquino para o exílio da Papuda”, numa referência ao presídio do Distrito Federal.

E Joesley, que nas novas gravações se arvora um exímio jogador de pôquer ao descrever sua negociação com a equipe de Janot, morre assim como o peixe, pela própria boca, e pela ignorância em operar um gravador. O dono da JBS, Ricardo Saud e Francisco de Assis, além do ex-procurador e hoje advogado Marcello Miller, vão depor até sexta-feira para tentar explicar as declarações.

Pouca chance de novo acordo no Supremo

A forte reação da presidente do Supremo, Cármen Lúcia, que foi à televisão exigir investigações sobre as denúncias envolvendo ministros e o próprio Tribunal mostram que logo a demanda por vagas nas carceragens da Polícia Federal e por tornozeleiras vai aumentar. Será difícil Joesley e seu time aprovarem um novo acordo de delação favorável na Corte Suprema. No mínimo, o empresário terá de passar uma temporada na cadeia, para lavar a honra da Procuradoria e dos ministros do STF. E para atender ao desejo da maioria dos brasileiros, que reprovaram os termos extremamente vantajosos oferecidos para os Batista e sua equipe de corruptores por Janot.

Futuro da JBS

A questão é qual será o impacto da saída dos Batista do comando da JBS. É possível que Wesley Batista, irmão de Joesley, que não aparece falando nas fitas, seja poupado, mas não há garantias disso. Assim, é possível que tenha início um período de muita turbulência para as ações da JBS, que ontem já caíram mais de 8%. Hoje, o papel abriu em queda, mas fechou em alta de 1,27%, enquanto o Índice Bovespa subia 1,75%, para 73.412 pontos.

Começa assim a marcar o cronômetro, contra Joesley.

Fux defendem prisão

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse hoje que os delatores da JBS deveriam passar do “exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”, fazendo referência ao presídio localizado no Distrito Federal.

A dura crítica do ministro foi feita na abertura de sessão da Corte, a primeira após a decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) de abrir processo de revisão do acordo de colaboração de Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco e Assis e Silva, delatores ligados à empresa.

Para o ministro, as gravações que vieram à tona mostram que os delatores enganaram o Ministério Público e a sociedade.

“Eles ludibriaram o Ministério Público, eles degradaram a imagem do país no plano internacional, eles atentaram contra a dignidade da Justiça e eles revelaram a arrogância dos criminosos de colarinho branco. De sorte que eu deixo ao Ministério Público a opção de fazer com que esses participantes dessa cadeia criminosa, que confessaram diversas corrupções, que eles passassem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”, disse.

Ex-ministro da Justiça seria usado para incriminar o Supremo

As gravações de conversas entre os empresários Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, divulgadas hoje (6) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), indicam que eles planejavam usar o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para atingir ministros da Suprema Corte. A ideia era gravar uma conversa com Cardozo na tentativa de identificar os ministros sobre os quais ele poderia ter influência. “Depois vamos botar tudo na conta do Zé”, diz  Joesley no áudio divulgado pelo STF.

Após afirmar que entregaria o presidente da República, Michel Temer, Joesley informa que caberia a Saud entregar o ex-ministro, o que ocorreria após contato a ser feito pelo próprio Joesley com Cardozo. “Eu vou entregar o [chefe do] Executivo e você vai entregar o Zé. Vou ligar para o Zé e chamar ele para trabalhar conosco. Vou dizer que a gente precisa organizar o STF e vou perguntar quem ele tem e qual influência que tem neles [ministros]. Ele vai entregar tudo”, afirma Joesley.

Com informações da Agência Brasil.

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