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Bitcoin reduz perdas, mas termina dia em baixa de 3%, aos US$ 8,5 mil; queda na semana é de 21%

O Bitcoin, moeda virtual mais negociada no mundo, registrou forte oscilação hoje, depois da queda forte iniciada ontem. A moeda acompanhou os demais mercados de risco, como as bolsas, que recuaram depois dos dados de emprego nos EUA indicarem aumento da renda e risco de alta da inflação e dos juros na principal economia do mundo. Mercados mais especulativos e menos líquidos, como o de criptomoedas, sofrem mais nesses momentos.

No Brasil, a criptomoeda, que ontem era negociada a R$ 30 mil, chegou a cair até R$ 20.250, baixa de 32,5%, recuperando-se depois para R$ 25.000, ainda em baixa de  14%, segundo dados do site Investing.com. Agora à noite, a moeda estava em alta de 1%, negociada a R$ 28.000, em parte pela alta do dólar em relação ao real, de 1,48%.

O mercado brasileiro refletiu o nervosismo do exterior, onde o Bitcoin perdeu mais 12% logo na abertura dos negócios, caindo abaixo dos US$ 8 mil. A criptomoeda chegou a bater nos US$ 7,8 mil, voltando depois para R$ 8.500, ainda em queda de 3,5%. Ontem, o Bitcoin já havia rompido a barreira dos US$ 9 mil no mercado internacional, negociado a US$ 8,8 mil, em queda também de mais de 12% no dia.

O movimento é semelhante ao de euforia que fez a moeda disparar no fim do ano passado, com altas atraindo novos investidores. Agora o sentido é o inverso, com novas quedas assustando investidores e aumentando as vendas.

Perda de 60% do vale ao pico

Considerando o preço mínimo de hoje, a perda na semana da moeda americana no exterior já chega a 25% e, em relação ao pico de dezembro, quando a criptomoeda chegou a R$ 19.511, atinge 60%. Mesmo depois da recuperação, a moeda ainda apresenta uma perda elevada, de  57% em relação ao pico de dezembro. Na semana, a queda foi de US$ 11.000 para US$ 8.500, ou 23%.

No Brasil, considerando uma cotação de R$ 36 mil há uma semana, a perda para R$ 28 mil foi de 23% e, em relação ao pico em dezembro, de R$ 69.490, de 60%, iguais ao exterior, indicando que o mercado está bem arbitrado.

Outras moedas digitais também abriram em forte queda hoje, como o Ethereon, com 30% de perda, e o Ripple XRP, de 35%. Segundo o site Coindesk, a perda do mercado de criptomoedas em geral chegou a US$ 100 bilhões em 24 horas. Mais tarde, as cotações se recuperaram e o Ethereon perdeu 9% e o XRP, 2%.

Roubini: é bolha!

As quedas do Bitcoin se acentuaram por conta dos alertas de autoridades de vários países e especialistas contra a especulação com a moeda virtual e sua alta de 1.400% em um ano. O economista Nouriel Roubini fez um novo artigo em que classifica o movimento dos Bitcoins e outras moedas virtuais como bolhas.

Bancos barram compra de Bitcoin com cartão

Ao mesmo tempo, bancos importantes como o J.P. Morgan Chase, o Citigroup e o Bank of America, simplesmente os maiores dos Estados Unidos, anunciaram que vão proibir o uso de cartões de crédito para compras de Bitcoins.

Autoridades apertam o cerco

A China proibiu as bolsas de Bitcoins e limitou o espaço para negociação da moeda entre os investidores, enquanto a Coreia do Sul baniu as operações sem identificação e ameaça também proibir as bolsas. Mais recentemente, notícias de que autoridades reguladoras da Índia também estudam proibir as criptomoedas aumentaram o receio dos investidores. O ministro da Finanças da Índia, Arun Jaitley, afirmou que o país não considera as criptomoedas legais e que vai tomar todas as medidas para eliminar o uso da moeda em operações financeiras ilegais e como meio de pagamento.

Sumiço de US$ 500 milhões de NEM

Além dos reguladores, os problemas do próprio mercado assustam os investidores, como o recente desaparecimento de US$ 500 milhões em criptomoedas NEM na bolsa Coinchek, no Japão. A perda foi atribuída a ação de hackers, mas mostra a fragilidade desse mercado, que está fora do controle dos órgãos reguladores dos mercados financeiros.

Aplicativo tem fila de espera de 1 milhão em uma semana

Apesar das flutuações de preços, dos riscos de hackers e dos alertas das autoridades, a procura pelas moedas digitais continua alta. Segundo o jornal The Wall Street Journal, o aplicativo de negociação online de investimentos Robinhood, que mira jovens informou que mais de um milhão de pessoas entraram em sua lista de espera na semana passad para negociar criptomoedas depois que o serviço anunciou que ia oferecer o serviço.

Para o investidor, a recomendação é de muita cautela, diz Guilherme Benites, sócio da Aditus Consultoria, especializada em assessorar grandes investidores e fundos de pensão. Segundo ele, ainda é difícil definir qual o valor real do Bitcoin e de outras moedas virtuais e não se sabe até que ponto a queda pode continuar. “Se a pessoa quiser arriscar, tudo bem, mas somente com uma parte pequena do dinheiro, que não vá fazer falta, e que pode ser perdida”, explica.

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