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Guide vê melhora no lucro das empresas e Ibovespa em 100 mil pontos em 2018

A Guide Investimentos revisou suas estimativas para a bolsa brasileira, levando em conta as expectativas de crescimento acima do esperado para este ano e para o próximo, que pode significar lucro maior para as companhias e mais ganhos para as ações. Nas estimativas da corretora, recentemente vendida para a chinesa Fosun, o Ibovespa pode chegar a 84 mil pontos no fim deste ano e 100 mil pontos em 2018. Mesmo com essas altas, o índice ainda estaria longe do recorde de maio de 2008 corrigido pela inflação, que seria de 127 mil pontos.

Segundo a corretora, a revisão de cenário é reflexo de perspectivas de médio prazo mais favoráveis aqui no Brasil (risco político no curto e médio prazo ligeiramente menor e crescimento da economia). No exterior, o cenário segue extremamente favorável. Neste contexto, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) para este e os próximos anos, têm melhorado, para 2,2% em 2018. E o Ministério da Fazenda, segundo os jornais, pode revisar a sua projeção muito em breve para 3,0%, dos atuais 2,0%. “Podemos chegar lá…”, diz a Guide, em relatório assinado pelo economista Ignacio Crespo.

Crescimento de 20% no lucro das empresas

Neste cenário, o desempenho das empresas também tem sido revisado para cima, diz o economista. Considerando as empresas do Índice Bovespa, o mercado espera hoje um crescimento dos lucros de 12% para 2018 em relação àquilo que se espera para o fechamento de 2017. O importante é que desde o “choque-JBS”, em maio deste ano, este número tem melhorado. E, a depender das projeções de PIB, pode ir rumo aos 20% — melhora nada desprezível.

“Dissemos tudo isto para defender que, no atual patamar (ao redor de 75 mil), o Ibovespa nos parece ‘justo'”, diz Crespo. “Há motivos para ser otimista, embora continuamos com um posicionamento “neutro” em relação à bolsa (algo que representa, a depender do perfil de risco de cada cliente, um percentual da carteira diferente para cada um, é claro). Vemos, no entanto, um potencial de alta cada vez mais interessante.”

Num cenário mais otimista, a Guide acredita que há potencial para que o Ibovespa vá rumo aos 82.000 a 84.000 pontos até o final do ano (próximos 3 ou 4 meses). E até o final de 2018, mantidas as premissas otimistas, o Ibovespa tem potencial de ir rumo aos 100 mil pontos. “Num momento de Selic em queda, e considerando que o Ibovespa pode ir para 100 mil pontos caso este cenário positivo se concretize, temos em pouco mais de 14 meses um retorno esperado de aproximados 30%, ou um pouco mais. À medida que a Selic se aproxima de 7,00%, é um retorno que se torna ainda mais interessante, diz a Guide.

Maior apetite por risco

Além dos “fundamentos” das empresas, a corretora nota que  parece haver espaço para um aumento de exposição à bolsa por parte de agentes até aqui mais “conservadores”. Esta “migração” para uma carteira com maior exposição a risco (bolsa) pode ser o caso de instituições como os fundos de pensão, e já tem sido observada nas carteiras de vários fundos multimercados. “Em suma: ainda parece haver espaço para aumento de alocações em bolsa, vis-a-vis aquilo que já foi observado nos últimos anos…”, conclui a corretora.

Do lado dos “riscos”, a Guide destaca que a deterioração fiscal segue sendo uma preocupação. “Ainda não vimos melhora clara no curtíssimo prazo, as metas fiscais para 2017 e 2018 seguem sendo desafiadoras, e há necessidade crescente na aprovação de reformas, como a da Previdência”, diz a corretora. “Para que este cenário otimista se concretize, continuaremos contando com um cenário externo favorável para países emergentes, e este último ponto, em especial, merece atenção especial”, informa o relatório. Segundo cálculos da Guide, 80% da queda da percepção de risco-país dos últimos meses se deve à melhora do ambiente internacional. “Não podemos esquecer dos gringos…”

A corretora não diz, mas há ainda um fator muito importante que deve definir a tendência dos mercados no próximo ano que é a eleição presidencial. Se um candidato contrário às reformas ganhar força, é possível que todo o otimismo dos investidores entre em queda.

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