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XP revê cenário e espera Ibovespa em 66 mil pontos no fim do ano

A corretora XP Investimentos reviu seus cenários para a economia e para os mercados, tendo em vista a crise política após as denúncias do empresário Joesley Batista contra o presidente Michel Temer. A corretora revisou para baixo as projeções para a bolsa em comparação com o apresentado em janeiro, e agora trabalha com um cenário base no qual o Índice Bovespa fecharia o ano em 66.240 pontos, podendo chegar a 77.500 no fim do ano que vem. O índice porém, pode oscilar este ano de 57 mil pontos em um cenário pessimista a 73.450 pontos no otimista. Caso o cenário base se confirme, porém, o Ibovespa teria um potencial de ganho de 7% neste ano e de 25% em 18 meses.

A redução da expectativa para o Ibovespa leva em conta que, com a crise política, a perspectiva de aprovação de reformas, principalmente da Previdência, diminuiu, o que piora o quadro geral brasileiro como um todo.

A corretora afirma que ainda enxerga oportunidades interessantes na bolsa, com empresas sendo negociadas a múltiplos baixos e que reportaram resultados muito interessantes no primeiro trimestre de 2017.

Com o cenário traçado com juros mais baixos do que o projetado pelo mercado, inflação mais baixa, e com uma expectativa de um cenário externo positivo , a XP vê espaço para alta do Ibovespa até o final do ano, embora em uma magnitude inferior à traçada anteriormente.

Outro ponto de destaque é a reforma trabalhista, que a corretora acredita que será aprovada. Os países ‘’concorrentes’’, México, Turquia, África do Sul, continuam passando por situações instáveis, o que ainda favorece o caso brasileiro, e, embora nossa imagem tenha sido arranhada, a dos demais também segue deteriorada.

A XP estima que, hoje, o Ibovespa é negociado a um preço equivalente a 11,7 vezes o lucro projetado de suas empresas para este ano, enquanto que a média nos últimos 4 anos é de 11,8 vezes o lucro. Porém, com a melhora econômica, crescimento do PIB (a partir do segundo semestre de 2017), taxa de juros menores, crédito retornando, e a aprovação das reformas, o Índice pode fechar o ano de 2017 sendo negociado a 12,5x seu lucro, o que representa um patamar de 66.240 pontos, 7% de upside para os níveis atuais.

Quando se analisa um prazo um pouco mais longo, como final de 2018, “e se o nosso cenário base se concretizar, de juros menores, inflação e tudo que destacamos nesse relatório, com o Ibovespa negociando a 12,5x P/E no final de 2018, poderemos ver o Ibovespa sendo negociado a 77.500 pontos, um upside de 25% em quase 18 meses”, diz o relatório da XP. Hoje, o Ibovespa está negociando a 10 vezes seu lucro projetado para 2018.

Juros em baixa

A XP acredita que, com o cenário de um IPCA abaixo da meta, em 3,5% este ano, podendo oscilar entre 3% e 4,5% nos quadros mais otimista ou pessimista. Com a inflação desacelerando e juros reais ainda em um patamar alto, a trajetória da taxa básica de juros em 2017 deve continuar sendo de novos cortes, com magnitudes menores, levando a Selic para um dígito. Com o cenário externo favorável e uma inflação muito controlada, a corretora vê ainda espaço para mais de 2 pontos percentuais de cortes, o que levaria a taxa atual, de 10,25%, para 8,25%. “Enxergamos essa taxa caminhando naturalmente para 8,00% ao final do ano, e podemos traçar ainda um cenário otimista, no qual a taxa chegaria em 7,50%”, diz a corretora. Para um quadro negativo, a taxa ficaria em torno de 9,25%.

Dólar em alta

Um dos fatores que ajudará a reduzir a inflação e os juros é o câmbio. A XP diz que ainda enxerga um movimento no qual o dólar deve se valorizar frente as principais moedas, mas essa valorização deve ser lenta e gradual. “Mantemos nossa visão do começo do ano, na qual a economia dos Estados Unidos deve seguir crescendo em um ritmo positivo, com as propostas de Trump sendo moderadas pelo Congresso”, diz a corretora. Isso alterou o trabalho do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), pois a instituição fica atenta a desdobramentos de eventos políticos, como as medidas de estímulo fiscal.

Isso não deve trazer uma ação muito diferente do que já era planejado, o Fed deve acelerar as altas de juros, como já iriam fazer sem Trump, para pelo menos duas altas em 2017, podendo chegar a três. Até o momento foram realizadas duas altas. Fed subindo juros e reduzindo a balança de ativos ajuda na valorização do dólar, mas a desconfiança em torno de Trump contém movimentos de apreciação mais forte da moeda, observa a corretora. Passados seis meses de governo, investidores estão cada vez mais céticos de que o presidente conseguirá ter avanços significativos de sua agenda.

No âmbito externo, também vale mencionar a redução dos riscos geopolíticos advindos da Europa, após Emmanuel Macron ter vencido na França e o fato de a China continuar a manter a dinâmica da economia sem solavancos.

Na parte interna, espera-se uma pressão maior de desvalorização do real, por conta da menor perspectiva de aprovação de reformas que ajudem a reequilibrar a situação fiscal brasileira. Também pesa o Banco Central, que seguirá com novos cortes de juros, em ritmo mais elevado, o que desvaloriza o real.

Mas o Brasil continua, relativamente aos seus pares internacionais, um destino interessante para investidores alocarem parte de seus recursos, dada a elevada remuneração que estes ainda conseguem. “Em resumo vemos, apesar das pressões existentes em prol de um Real mais frágil, que a elevada remuneração ainda é fator que assegura um câmbio ainda relativamente bem controlado.” A XP espera um dólar a R$ 3,30 no cenário mais provável no fim deste ano, podendo oscilar entre R$ 3,00 no ambiente mais benigno e R$ 3,70 no pior.

 

 

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