Arena Especial, Política Econômica

Tempo das balas de prata ficou para trás, diz Trabuco, do Bradesco, sobre medidas econômicas

As medidas anunciadas hoje pelo Banco Central (BC) para reduzir o custo e aumentar a oferta de crédito e fortalecer o sistema financeiro vão garantir uma retomada gradual da economia. A avaliação é do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

Em nota, Trabuco, que foi sondado por Dilma Rousseff para ser seu ministro da Fazenda em seu segundo mandato presidencial e acabou indicando Joaquim Levy, direto da Bradesco Asset Management para o cargo, afirmou que a prioridade deve ser manter o chamado tripé econômico criado no governo Fernando Henrique Cardoso, preservado no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e totalmente desvirtuado no governo de Dilma, de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal. E criticou os que defendem medidas agressivas que tentem resolvem o problema de crescimento do país rapidamente, como no governo Dilma, afirmando que “o tempo das balas de prata ficou para trás”.

Além de indicar Levy, Trabuco foi conselheiro de Dilma durante o início do segundo mandato, período em que a ex-presidente tentou mudar seu estilo intervencionista de administrar a economia por uma linha mais liberal, comandada por Levy. A falta de convicção da presidente na receita mais liberal, que resultou no fraco apoio ao ministro da Fazenda e até na oposição do próprio partido do governo, o PT, porém, acabou deixando muitas medidas de ajuste no meio do caminho e fez Levy deixar o cargo antes de completar um ano à frente da economia.

Já o presidente do concorrente Itaú Unibanco, Roberto Setubal, foi mais econômico nas palavras. Limitou-se a dizer que a busca por maior competição e eficiência entre os bancos é muito positiva e deve ser apoiada.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), por sua vez, elogiou as iniciativas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na semana passada, e complementadas hoje por Goldfajn. Para os bancos, a criação de um grupo de trabalho com participação do setor para propor medidas visando reduzir os custos da intermediação financeira é uma excelente iniciativa na direção desejada, de queda nos spreads e, consequentemente, no custo do crédito.

A Febraban também elogiou o apoio do presidente do BC a medidas para ampliar a educação financeira dos cidadãos e a mecanismos de solução de conflitos sem necessidade de judicialização, além das iniciativas para maior transparência na atuação do setor.  Os bancos destacam que a agenda anunciada pelo Banco Central também contempla medidas estruturais importantes que contribuirão para dar maior racionalidade e transparência às relações entre o Tesouro Nacional e o Banco Central.

“A modernização e simplificação do depósito compulsório, o estabelecimento do depósito remunerado, a promoção das duplicatas eletrônicas e a regulamentação das Letras Imobiliárias contribuirão para incentivar o crédito e reduzir seu custo”, diz a Febraban. Já o aperfeiçoamento do cadastro positivo, com o fim da responsabilidade objetiva e solidária das fontes de informação e dos usuários do cadastro, aumentará os incentivos para sua mais rápida implantação.

Para os bancos, o conjunto de medidas irá contribuir para melhorar o ambiente de crédito de forma estrutural e duradoura. A Febraban e seus bancos associados dizem que darão colaboração ativa e construtiva à autoridade monetária para que as medidas anunciadas tenham bons resultados, no prazo definido, e contribuam para o aumento da oferta de crédito, do investimento e para a retomada da criação de empregos.

A seguir, a íntegra da nota de Trabuco:

“As medidas estruturantes anunciadas pelo Banco Central serão a essência da construção de um mercado de crédito amplo e de custo competitivo. A retomada do crescimento será o resultado de uma decolagem segura e suave. O tempo das balas de prata ficou para trás. A prioridade é persistir no tripé formado pelas metas de inflação, câmbio flutuante e gestão responsável das contas públicas. A equipe econômica é merecedora de nosso apoio, pelas teses que defende e pela prática do que entrega.”

E a nota de Setubal:

“Vejo a agenda proposta pelo Banco Central buscando maior competição através de mais transparência e eficiência na intermediação financeira, em benefício do tomador de crédito, como muito positiva e merecedora de todo apoio”.

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