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Recessão reduz déficit externo; estrangeiro gastou 38% mais com Olimpíada

A recessão e a consequente queda nas importações seguem ajudando a reduzir o déficit externo brasileiro. Em agosto, o déficit de contas correntes foi de US$ 579 milhões, o menor desde 2007. Boa parte da queda vem da balança comercial. Com as compras no exterior contidas e as exportações crescendo no mês, também pela falta de consumo interno, que cria excedentes exportáveis, o saldo da balança comercial ficou positivo em US$ 3,9 bilhões em agosto, ante US$ 2,4 bilhões no ano passado. No acumulado do ano, o saldo da balança está em US$ 30,595 bilhões, bem acima dos R$ 6,280 do mesmo período de 2015.

A maior parte desse saldo da balança vem da queda das importações, de US$ 121,4 bilhões de janeiro a agosto do ano passado para US$ 92,404 bilhões neste ano. Já as exportações também caíram, mas menos, de US$ 127,7 bilhões de janeiro a agosto de 2015 para US$ 123 bilhões este ano, pela retração da economia internacional.

Estrangeiros gastaram 38% a mais no Brasil

Outra parte da melhora de agosto veio da conta de serviços, que caíram de US$ 2,6 bilhões no ano passado para US$ 2,2 bilhões neste ano. A melhora veio em parte pela Olimpíada, que aumentou em 38% os gastos de estrangeiros no Brasil, de US$ 436 milhões no ano passado para US$ 602 milhões neste ano, compensando o aumento dos gastos de brasileiros no exterior com viagens, que subiram 2,3%, para US$ 1,292 bilhão.

Para a Rosenberg Associados, o déficit de contas externas de agosto ficou acima dos US$ 800 milhões esperados e mostra que continua a tendência de moderação o déficit externo. Porem, essa queda deverá ter intensidade menor pelo efeito da base de comparação mais baixa. Mas os números mostram uma melhora significativa em relação aos anos de 2010 a 2012.

Investimento estrangeiro direto cobre déficit

Ao mesmo tempo, o saldo de investimentos diretos estrangeiros, de US$ 74 bilhões em 12 meses, ou 4,17% do PIB, segue em níveis historicamente elevados e demonstra o apetite externo por investimentos no Brasil, apesar das crises econômica e política. A consultoria destaca a entrada de agosto, de US$ 7,2 bilhões, dos quais US$ 1,6 bilhão para o setor de veículos automotores. O valor é mais que suficiente para cobrir o déficit de contas correntes de  US$ 25,8 bilhões em 12 meses, ou 1,46% do PIB.

Investimentos de curto prazo saem

A consultoria destaca também as saídas de investimentos em carteira, ou seja, em ativos financeiros, de US$ 5,7 bilhões no mês, bem acima do US$ 1,6 bilhão do mesmo mês do ano passado. A saída é um reflexo da redução dos fluxos globais para emergentes em função da expectativa de aperto gradual dos juros nos EUA. O rebaixamento da nota de crédito brasileira e as incertezas política e fiscal incentivam a saída dos investimentos em carteira, enquanto os juros elevados e uma maior estabilidade política ajudam a atrair aplicações.

Queda vai continuar, mas mais devagar

A Rosenberg avalia que o ajuste do déficit externo brasileiro deve continuar, eliminando assim um dos desequilíbrio da economia brasileira. A consultoria trabalha com um déficit de US$ 18 bilhões, ou 1% do PIB este ano, o que é positivo em um ambiente internacional mais instável, a redução do apetite por investimentos em emergentes e a perda do grau de investimento pelo país. Um déficit menor também pressiona menos a taxa de câmbio e ajuda no combate à inflação. A consultoria espera uma entrada de investimentos externos de US$ 75 bilhões, ou 4,3% do PIB, ajudados pela melhora das condições políticas e econômicas e pelos preços atrativos dos ativos brasileiros.

Com isso, não deve ocorrer queda, mas até aumento das reservas internacionais, dando mais tranquilidade para o país atravessar a crise.

 

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