Arena Especial, Artigo

Planejamento financeiro para a aposentadoria, as mulheres e a geração Y

Tenho me surpreendido (positivamente) com dois grupos que certamente têm componentes importantes para estar à frente da preparação para a independência financeira.

O primeiro são as mulheres. Elas têm avançado rapidamente pelo mundo das finanças. No começo de 2015, meu portfólio de clientes de planejamento financeiro pessoal por gênero inverteu e passou a ter mais mulheres. Existem vários componentes na mesa para este posicionamento feminino, eu destaco cinco:

1) As fartas separações é uma delas, certamente porque as coloca numa situação de depender de si próprias. Na separação, perdem 27% do seu padrão de vida, segundo Norma Sit, uma cingalesa que estuda as mulheres no mundo das finanças. Além disso, 75% ficam viúvas até os 56 anos e 90% serão responsáveis pelo seu próprio sustento em algum momento da vida;

2) Fazem as adaptações rapidamente porque seu instinto de preservação é bem mais apurado do que o dos homens. Quando são colocadas em situações de emergência, se saem muito bem. O aspecto maternal tem tudo a ver com isso;

3) Outra coisa que fazem muito bem é planejamento. Tem uma visão multidisciplinar, que permite cuidar da vida profissional e da vida pessoal simultaneamente. São excelentes poupadoras do estilo “formiguinha”. Sabem e valorizam o guardar dinheiro mês a mês, de forma regular, ao contrário dos homens, que preferem as “grandes tacadas”. (Vale destacar que ambas as estratégias funcionam, principalmente se combinadas);

4) Elas também não têm vergonha de pedir ajuda ou pedir informação. O que para os homens é um sinal de fraqueza, para elas é um sinal de humildade que faz com que avancem mais rápido. Eu atribuo isso também a curiosidade aguçada;

5) Estão conquistando cada vez mais o espaço no mundo corporativo e cada vez menos nas atividades domésticas. Portanto, você verá o mundo das finanças ficar mais humanizado, menos formal e menos duro. Também verá novos produtos e serviços surgindo, customizados para elas.

O segundo grupo é a geração Y. Principalmente aqueles com menos de 40 anos, que já começaram a trabalhar e receber seu primeiro salário em reais. Lembrando que nossa moeda fez 22 anos em 1º de julho. Eles já têm o “chip” de uma única moeda instalado no seu “hardware”. Sim, porque quem viveu antes da era real teve que lidar com troca de moedas, inflação de 84% ao mês e mudança da política econômica de ano em ano. Coisa de maluco. Quem pode planejar 5, 10 e 20 anos para frente em um ambiente instável que remarcava preços no supermercado todo dia?

Com esse pano de fundo bem mais estável, essa turma tem conseguido com muito mais facilidade programar seu futuro. O entendimento já é bem mais claro quando precisamos falar de um planejamento de 30 anos para frente. Porque as receitas e as despesas são bem mais fáceis de controlar. Além disso, essa geração tem uma relação diferente com o consumo: mais sustentável, mais consciente, eles são a turma do compartilhamento. Acompanhe a seguinte história.

Um amigo que mora em Londres precisou de uma furadeira para colocar um quadro na parede. Quando pensou que iria custar £ 130 e depois ficaria encostada no pequeno apartamento, achou a solução num aplicativo de compartilhamento. Através desta nova facilidade tecnológica descobriu que seu vizinho dois andares abaixo tinha uma furadeira para alugar por £ 10. Então, além de ganhar na comodidade e facilidade, também não precisaria colocar a mão no bolso para um monte de outros bens duráveis. Pense no efeito cascata. Na diminuição da fabricação da furadeira, de toda cadeia de fornecedores de peças eliminados, funcionários dispensados e espaço encolhido nas prateleiras das lojas. Em algumas cidades do mundo esse compartilhamento já pode ser visto com carros. As compras desnecessárias não serão o vilão do orçamento domestico. Ótimo, uma evolução. Darwin agradece.

Os que estão entre 35 e 40 anos já podem também ter passado pelos eventos de casar, ter filhos, passar por uma crise econômica (de 2008) e ser mandado embora do trabalho. Fatores que provocam frio na barriga quando o assunto é futuro financeiro. São pessoas que já começaram a lidar com novas e maiores responsabilidades. Também começam a sentir a finitude chegando. Portanto, esse grupo tem todos os componentes para ter sucesso na conquista da aposentadoria, momento mágico em que você não precisa mais pensar em dinheiro.

Rodrigo Bussab é consultor financeiro e sócio da FS AdvisorsAs informações são de responsabilidade exclusiva do autor. 

Artigo AnteriorPróximo Artigo