O Itaú Unibanco celebrou hoje com a XP Controle Participações S.A., o G.A. Brasil IV Fundo de Investimento em Participações e o Dyna III Fundo de Investimento em Participações, entre outros vendedores, contrato prevendo a aquisição de 49,9% do capital social da corretora independente XP Investimentos. Desse total, 30,1% são ações ordinárias, com direito a voto. A compra se dará mediante aporte de capital no valor de R$ 600 milhões e aquisição de ações detidas pelos vendedores no valor de R$ 5,7 bilhões, totalizando R$ 6,3 bilhões.
Com a venda, a operação de abertura de capital da XP, que tinha sido pedida nesta semana na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deve ser cancelada.
Independência e agentes autônomos
O acordo prevê que a gestão e a condução dos negócios de todas as sociedades do Grupo XP, incluindo a XP Investimentos, continuarão totalmente independentes, segregadas e autônomas. Prevê ainda a livre competição entre as empresas; a manutenção da plataforma aberta e taxa zero para alguns serviços; a preservação dos acordos comerciais com atuais parceiros; e a valorização da profissão de agente autônomo de investimentos, diz o comunicado da XP.
“Esta associação só foi possível porque o Itaú Unibanco entendeu nossos princípios e valores, concordando com condições fundamentais para o acordo”, afirma Guilherme Benchimol, fundador e presidente do Grupo XP. “Estamos confiantes nesta parceria, construída a partir do entendimento mútuo de que podemos fortalecer ainda mais a nossa empresa”, conclui.
Mais 12,5% do capital em 2020 e 2022
O Itaú Unibanco, que passará a ser acionista minoritário da XP, comprometeu-se ainda a adquirir, em 2020, um percentual adicional de 12,5%, que lhe garantirá 62,4% do capital social total da XP (sendo 40,0% das ações ordinárias). Além disso, em 2022, outro percentual adicional de 12,5%, lhe garantirá 74,9% do capital social total da XP (sendo 49,9% das ações ordinárias), com base no valor justo de mercado da XP à época.
As aquisições permitirão a saída do fundo de private equity General Atlantic e da gestora Dynamo. Mesmo após a conclusão das compras, o controle da companhia continuará com os atuais acionistas da XP, com 50,1% das ações com direito a voto. O valor atribuído a 100% do capital social total da XP é de R$ 12 bilhões.
Dois conselheiros e controle em 2033
Adicionalmente, o Itaú Unibanco e alguns dos vendedores firmarão um acordo de acionistas que dará ao banco o direito de indicar dois de sete membros do Conselho de Administração da XP. A partir de 2024, a XP Controle poderá exercer uma opção de venda da totalidade de sua participação no capital social da XP ao Itaú Unibanco. Já a partir de 2033, o banco tem a opção de compra da totalidade da participação. Somente mediante o exercício de qualquer dessas opções ocorrerá a aquisição de controle e da totalidade do capital social da XP pelo Itaú Unibanco.
“Através desse investimento, o Itaú Unibanco mostra novamente seu dinamismo, sua flexibilidade e sua marcante disposição de crescer e ampliar a competição no mercado brasileiro. É também o reconhecimento de um outro modelo de negócio, com o qual temos muito o que aprender”, afirma Pedro Moreira Salles, co-presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco em comunicado enviado à imprensa.
A conclusão da operação está condicionada à aprovação das autoridades competentes, incluindo o Banco Central do Brasil e o Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Tirar bancos da zona de conforto
“Acredito que essa transação tirará o Itaú e demais bancos da zona de conforto, pois fortalecerá a XP e aumentará sua capacidade de competir no mercado de investimentos”, afirma Roberto Setubal, co-presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco. “Para o banco, essa transação representa uma diversificação de seus negócios através de outra forma de servir ao investidor, que será o grande beneficiário dessa operação.”
Plataforma independente
O Grupo XP continuará sendo controlado pelos sócios da XP Controle, sendo que os atuais administradores e executivos permanecerão à frente da XP Holding, da XP Investimentos e de suas controladas. Assim, a XP Investimentos continuará atuando como plataforma aberta e independente, buscando oferecer aos seus clientes uma gama diversificada de produtos próprios e de terceiros, competindo livremente com as demais corretoras e distribuidoras do mercado de capitais, inclusive aquelas pertencentes ao conglomerado Itaú Unibanco, “sem qualquer tipo de restrições ou barreiras”, diz o comunicado.
O Itaú Unibanco atuará como sócio minoritário e não terá influência nas políticas comerciais e operacionais da XP Investimentos ou de qualquer outra sociedade do Grupo XP, nem qualquer acordo de preferência ou exclusividade na comercialização de produtos, diz a nota. “Acredito que o cliente será o grande beneficiário na medida em que a XP sai fortalecida dessa transação”, afirma Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco.
A XP está presente em 130 cidades brasileiras em 24 estados, com aproximadamente 850 colaboradores, 2 mil agentes autônomos, 410 mil clientes, R$ 85 bilhões de ativos sob custódia e R$ 12 bilhões de ativos administrados, tendo como principais negócios a corretagem de valores mobiliários, a distribuição de produtos de investimentos e a gestão de recursos de terceiros.