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Inflação do IPCA surpreende para baixo em fevereiro e é a menor desde 2000; em 12 meses, alta é de 4,76%

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,33% em fevereiro deste ano. A taxa é inferior ao 0,38% de janeiro e ao 0,90% de fevereiro do ano passado, segundo dados divulgados hoje, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação é a mais baixa para os meses de fevereiro desde o ano 2000, quando ficou em 0,13%.

O IPCA acumula taxa de 0,71% no ano. Em 12 meses, a inflação oficial é de 4,76%, portanto, próximo ao centro da meta da inflação do governo federal, que é de 4,5%.

O resultado de fevereiro veio abaixo da projeção da consultoria MCM, de 0,45%, e do piso das expectativas do mercado com intervalo de 0,36% a 0,53% e mediana de 0,43%, segundo a Agência Estado. A consultoria destaca como surpresas a queda mais intensa de Alimentação no domicílio (-0,75% ante -0,51% projetado) e desaceleração de Alimentação fora do domicílio (0,11% ante 0,55% projetado). A desaceleração foi possibilitada pela retração mais intensa que a esperada do grupo Alimentação e Bebidas (de 0,35% para -0,45%).

Feijão, batata e tomate agora derrubam a inflação

Com uma queda de preços de 0,45%, os alimentos foram os principais responsáveis pelo recuo da inflação oficial. A queda de preços do grupo alimentação e bebidas em fevereiro foi provocada por recuos nos preços de vários produtos, alguns que foram os vilões da alta no ano passado, como o feijão-carioca (-14,22%), feijão-preto (-9,22%), batata-inglesa (-5,06%), frango inteiro (-3,83%), tomate (-3,33%), frutas (-2,46%), farinha de trigo (-1,22%), carnes (-1,22%), açúcar refinado (-1,10%), arroz (-0,60%) e pão francês (-0,55%).

Cenoura, farinha de mandioca, café e óleo em alta

Apesar da queda de muitos produtos, alguns alimentos ficaram mais caros. É o caso da cenoura (11,77%), hortaliças (5,22%), farinha de mandioca (2,63%), café moído (1,82%) e óleo de soja (1,05%).

Comer fora ficou mais caro

E, enquanto comprar produtos para fazer sua própria refeição em casa ficou, em média, 0,75% mais barato em fevereiro, comer fora custou mais 0,11%. As cidades onde o custo da refeição fora de casa aumentou mais em fevereiro foram Fortaleza e Campo Grande (0,75%).

Educação segura inflação em alta

O aumento de 5,04% dos gastos com educação impediu uma queda maior da inflação oficial. Fevereiro é o mês em que habitualmente são reajustadas as mensalidades dos cursos regulares, cujos valores subiram 6,99%. Esse foi o item individual que mais pesou na inflação do mês.

 Em Habitação, o avanço decorreu da reversão de sinal de energia elétrica (0,32% ante -0,60%), com o esgotamento dos efeitos baixistas da bandeira verde, reduções tarifárias e de tributos. Parte desse movimento foi compensado por gás de botijão, com queda de 0,84% ante alta de 0,46% em janeiro;

A MCM destaca também os seguintes movimentos: altas de cuidados pessoais (de 0,10% para 0,74%) e recuo de medicamentos (de 0,47% para 0,24%) em Saúde (de 0,55% para 0,65%) e elevação de artigos de residência (de -0,1% para 0,18%) e Vestuário (de -0,36% para -0,13%).

Celular para cima com ICMS

O grupo Comunicação (de 0,63% para 0,66%) seguiu pressionado pelo aumento complementar de telefone celular(0,85% ante 1,67%), repercutindo a decisão da Justiça que determinou a cobrança de ICMS sobre o valor da assinatura básica sem franquia de minutos, afetando deste modo os planos pós-pagos.

Já telefonia fixa não foi afetada uma vez que a conta padrão contempla o valor da assinatura básica com franquia de minutos, valor que já tinha incidência de ICMS. Foi captado também aumento de TV por assinatura com internet (5,52% ante variação nula em janeiro).

TV por assinatura mais cara

O agrupamento de Serviços saltou de 0,36% para 0,84% por conta das elevações sazonais de cursos e aumento de TV por assinatura com internet. Por sua vez, a medida do BC de Serviços Subjacentes cedeu na margem (de 0,45% para 0,30%), com a redução de alimentação fora do domicílio, mantendo, a desaceleração da taxa de variação em 12 meses (de 5,77% para 5,46%).

 

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