Arena Especial, Notícias do dia

Indústria perde fôlego em abril, mas comércio retoma estoques no melhor ritmo desde 2014

Dados da indústria e do comércio divulgados hoje deram indicações de que a economia segue se recuperando, mas em ritmo muito fraco, com o aumento dos estoques no varejo podendo reativar a indústria nos próximos meses.

Depois da leve recuperação registrada em março, a produção da indústria brasileira voltou a cair em abril, segundo a Sondagem Industrial, divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que diz que o setor ainda encontra dificuldades para superar a “recessão econômica”. Já no comércio, pela primeira vez desde o início de 2014, a intenção dos comerciantes de investir em estoques cresceu por dois meses consecutivos e o Índice de Investimentos em Estoques, um dos componentes do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), subiu 1% em maio, em comparação a abril, e 2,8% em relação a maio do ano passado.

Segundo a CNI, o emprego e o nível de utilização da capacidade instalada também recuaram no mês passado e os empresários estão menos otimistas em relação a emprego, demanda, exportações e  compra de matéria-prima. O indicador de evolução da produção caiu para 41,6 pontos, o de número de empregados ficou em 47 pontos e o de utilização da capacidade instalada, em relação ao usual, diminuiu pra 36,6 pontos.

Os indicadores da pesquisa variam de zero a 100 pontos. Quando estão abaixo de 50 pontos revelam queda. e acima de 50, crescimento.

O estudo destaca que os feriados são responsáveis por parte das quedas registradas no mês. Abril teve 17 dias úteis, ante 23 dias de março. “Embora seja comum uma diminuição da atividade entre os meses de março e abril, a queda registrada em 2017 foi mais intensa do que a usual”, diz o estudo.

Expectativa dos empresários

Segundo a CNI, o fraco desempenho reduziu o otimismo dos empresários e a perspectiva é de mais demissões na indústria. Em maio, o indicador de expectativa sobre o número de empregados caiu para 48,7 pontos e continua abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa o otimismo do pessimismo. Embora estejam acima dos 50 pontos, os indicadores de expectativas para os próximos seis meses sobre a demanda, a quantidade exportada e a compra de matérias-primas recuaram um pouco.

“Sem grandes perspectivas de melhora no cenário econômico, os empresários continuam pouco dispostos a investir”, diz a confederação.

O índice de intenção de investimentos para os próximos seis meses ficou em 46,6 pontos em maio, uma queda de 0,4 ponto na comparação com abril. “Apesar do aumento de 7,2 pontos na comparação com o ano passado, as intenções de investir seguem baixas”, afirma a pesquisa.

Comércio retoma estoques

Pela primeira vez desde o início de 2014, a intenção dos comerciantes brasileiros de investir em estoques cresceu por dois meses consecutivos. O Índice de Investimentos em Estoques, um dos componentes do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), subiu 1% em maio, em comparação a abril, e 2,8% em relação a maio do ano passado. Os dados foram divulgados hoje, no Rio de Janeiro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Embora positivo, o índice atingiu 84,5 pontos em uma escala de 0 a 200, o que significa, na avaliação da economista da CNC Izis Ferreira, que ele “ainda está na zona de avaliação negativa” , abaixo de 100 pontos, e precisa, portanto, manter o crescimento registrado em abril e maio para passar a uma percepção positiva.

Efeito Joesley

Segundo Izis, não há como se afirmar que a recuperação na intenção de investir em estoques vai se manter nos próximos meses, devido à crise gerada pela delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da empresa JBF, com acusações contra o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), entre outras pessoas.

“É possível até que sim [os estoques cresçam], porque a recente recuperação de alguns indicadores da atividade econômica já estavam até contratados, porque o custo de oportunidade de manutenção de estoques vem diminuindo. No momento em que você tem o processo de redução da taxa de juros, o custo de oportunidade associado aos estoques diminui também”, admitiu.

Além disso, o barateamento do crédito favorece o aumento da intenção de investimentos em estoques.

Recuperação

Izis disse ainda que a expectativa mais positiva dos comerciantes também está relacionada ao quadro do mercado de trabalho, que continua deteriorado, mas a crise não vem se aprofundando. O fechamento de vagas tem diminuído e em alguns setores específicos já há saldo líquido de postos formais, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

A economista lembrou que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vem apurando quedas cada vez menores no comércio e alguns segmentos já apresentam taxas positivas. Em março, por exemplo, registrou-se aumento das vendas de material de construção, artigos de vestuário, móveis e eletrodomésticos.

“Com esses resultados menos negativos e, em alguns casos, mais positivos, os comerciantes começaram a enxergar que o pior já havia passado. Nesse sentido, no caso dos estoques, aumentaram as intenções de investir em estoques, pelo segundo mês seguido, nas duas bases de comparação, o que a gente não observava desde o início de 2014”.

Trata-se de um movimento lento, mas progressivo, segundo Izis Ferreira, que avalia que a recuperação percebida pelo comércio pode refletir no aumento das encomendas à indústria. Izis Ferreira avaliou que  se confirmou a ampliação projetada do volume de vendas na Páscoa e no Dia das Mães, em relação aos mesmos eventos do ano passado, o que reduziu o nível de estoques no comércio. “Portanto, é natural que a intenção de investimentos em novos estoques tenha aumentado”.

Encomendas crescem com juro menor

Em comparação com maio do ano passado, a intenção de investir na renovação dos estoques por parte dos lojistas cresceu 4,6% no setor de bens duráveis (que engloba produtos eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e decorações, cine foto e som, ótica, material de construção e concessionárias de veículos) e 3,2% em não duráveis (supermercados, farmácias, drogarias, perfumarias e cosméticos), mostrando estabilidade em semiduráveis (vestuário e acessórios, calçados, tecidos).

A economista da CNC analisou que o aumento na intenção de investir em novos estoques de bens duráveis “tem a ver com a redução dos juros, que facilita em termos de custo. Isso quer dizer que aqueles produtos que são mais sensíveis ao crédito, estão mais associados às vendas a prazo e têm um tíquete médio maior têm sido mais beneficiados”.

Apesar de mostrar a maior taxa de crescimento, o índice de investimentos em estoques do comércio de produtos duráveis, com 81 pontos, é o menor dos três grupos. Não duráveis apresentou 82,9 pontos e semiduráveis, 93,7 pontos.

Situação atual mostra estoques menores

No que diz respeito à composição das respostas que qualificam o nível dos estoques, a pesquisa da CNC revelou queda de 2 pontos percentuais em maio entre os lojistas que consideram o nível de estoques acima do adequado. A média nacional foi 29,5%, contra 31,5%, em abril.

O grupo de duráveis puxou a queda: a parcela de comerciantes que consideram os estoques acima do adequado (33,5%) caiu 4,8 pontos percentuais comparativamente a abril. A parcela de comerciantes que consideram os estoques acima do adequado ficou em 25,5% nos semiduráveis e 27,8% nosnão duráveis.

As informações são da Agência Brasil.

Artigo AnteriorPróximo Artigo