Arena Especial, Notícias do dia

Fed sobe juro nos EUA para 2,25%, indica nova alta em dezembro e mercado vê estabilização próxima

O Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevou ontem a taxa de juros básica (Fed Funds Rate) dos Estados Unidos para o intervalo entre 2,0% e 2,25%, dentro do esperado pelo mercado. Além disso, manteve o seu cenário de que haverá nova alta do juro básico em dezembro. Para os próximos anos, as projeções dos diretores do Fed não se alteraram: mais elevações em 2019 e uma alta derradeira em 2020. Em 2021, o juro ficaria em 3,375% ao ano, acima da taxa de juro de longo prazo do Fed, agora fixada em 3,0%, segundo a consultoria LCA. A leitura do mercado é que os juros americanos seguirão subindo gradualmente e que estão perto de se estabilizar, o que segurou as taxas dos papéis de 10 anos do Tesouro dos EUA. De 3,09% ao ano, a taxa caiu para 3,05% ontem. A notícia é boa para os países emergentes, que dependem de recursos externos para se financiar.

O presidente do Fed, Jerome Powell, comentou que a taxa de juros neutra (aquela que não afetaria a economia e estabilizaria a inflação) se reduziu fortemente e tem se recuperado muito lentamente após a crise de 2008. O presidente do Fed aposta na continuidade dessa lenta recuperação. Sobre o fato de o juro se estabilizar acima do seu nível considerado como neutro, Powell comentou que dependerá da evolução da economia e que existe muita incerteza num horizonte mais longo.

A LCA destaca que os diretores do Fed retiraram a avaliação de que a taxa atual de juros é acomodatícia (ou seja, incentivaria a economia). Powell deixou claro que esta mudança do comunicado não representava nenhuma sinalização de política e que o atual nível dos juros ainda estimulava a economia, pois se encontrava abaixo do seu nível neutro. “De qualquer forma, podemos dizer que o juro nos EUA está mais próximo de seu nível considerado como neutro e que deverá provocar um debate no Fomc, a respeito da conveniência de interromper o atual ciclo de alta quando a Fed Funds Rate estiver mais próxima da neutralidade econômica”, diz a LCA.

O cenário econômico do Fed justifica a continuidade da elevação dos juros ao longo das próximas reuniões. A economia crescerá acima de seu potencial e o desemprego seguirá baixo. Já a inflação projetada nos próximos se manterá em torno de 2,0% ao ano.

Para o Bradesco, o comunicado divulgado após o encontro voltou a apresentar uma visão otimista do crescimento econômico dos EUA, ressaltando que a atividade econômica permaneceu crescendo em ritmo robusto desde a última reunião, em agosto, e com mercado de trabalho aquecido. Além disso, o Fomc reconheceu a expansão tanto dos gastos das famílias quando dos investimentos em ativos fixos. A novidade do documento ficou por conta da sinalização de que o juro está mais próximo do seu nível neutro, o que foi sugerido pela ausência, no texto, de que a política monetária está em terreno acomodatício.

“Dessa forma, a discussão sobre sucessivas altas fica mais incerta e condicionada aos dados”, diz o banco. “Na nossa interpretação, a consequência dessa sinalização de proximidade do fim do ciclo de aperto de juros pode aliviar a tendência de fortalecimento do dólar no curto prazo, favorecendo países emergentes”, avalia o Bradesco. “Por fim, reforçamos nossa expectativa de mais uma alta de juros em dezembro e mais duas elevações em 2019.”

Artigo AnteriorPróximo Artigo