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Em Davos, presidente chinês defende globalização e alerta para riscos de guerra comercial

O presidente chinês Xi Jinping afirmou ontem, em Davos, onde abriu o Fórum Econômico Mundial, que culpar a globalização não resolverá os problemas do mundo. O discurso foi um recado à política protecionista e isolacionista defendida pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. As informações são da Rádio França Internacional.

Essa é a primeira vez que um presidente chinês participa do Fórum Econômico Mundial. E Jinping chegou a Davos com um surpreendente discurso de defensor do livre comércio, alertando contra as guerras comerciais e recuos no processo de globalização.

“Temos que continuar defendendo o desenvolvimento do livre comércio (…) e dizer não ao protecionismo”, martelou o líder chinês diante dos 3.000 líderes econômicos e políticos reunidos na cidade dos Alpes suíços. “Qualquer tentativa de interromper os fluxos de capital, tecnologias e produtos (…) é impossível e vai contra a marcha da história”, salientou.

Recado claro

A mensagem de Xi Jinping à elite mundial visou implicitamente Donald Trump, que assume a presidência da primeira potência mundial na próxima sexta-feira (20) e vem acusando abertamente a globalização de destruir milhares de empregos nos Estados Unidos.

Trump, que não participa do Fórum, já prometeu abandonar o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), um tratado de livre comércio assinado em 2015 entre 12 países da América do Norte e do Sul e da Ásia. Ele também ameaça criar barreiras alfandegárias com o México e a China, além de depreciar com frequência a Organização Mundial do Comércio (OMC), dirigida pelo brasileiro Roberto Azevêdo.

Xi Jinping também critica as instituições multilaterais, como a OMC, consideradas por ele “inadequadas” e “pouco representativas”. O líder comunista defende contudo um reequilíbrio da globalização “que deve ser mais inclusiva e sustentável”. A China quer aproveitar a gestão de Trump para reforçar sua posição de segunda potência mundial e redesenhar como lhe convém o mapa do comércio mundial.

Responsabilidade mundial

Consciente do movimento contrário à globalização em vários países, o tema do Fórum Econômico Mundial este ano é “a responsabilidade dos líderes”. Klaus Schwab, fundador do evento nos anos 70, estima que a elite mundial deve buscar a razão pela qual as pessoas estão irritadas e insatisfeitas. Ele se refere à eleição de Trump nos EUA, mas também ao referendo pelo Brexit, por exemplo.

O Fórum Mundial avalia que a exclusão social e as desigualdades são os principais perigos para 2017 e publicou na segunda-feira (16) um estudo que mostra que a renda média anual retrocedeu nos países desenvolvidos nos últimos cinco anos. “Devemos ouvir o que as pessoas dizem. As vantagens da globalização são mais claras nos países emergentes que nos países desenvolvidos”, comentou Sergio Ermotti, chefe do banco suíço UBS.

“Como acontece todos os anos, com a cumplicidade da grande mídia, as elites tentarão passar uma imagem positiva de sua ‘liderança’ sobre a globalização. Mas serão obrigadas a levar em conta a revolta crescente dos povos, que perturba a ordem neoliberal”, denunciou a ONG Attac.

As informações são da Agência Brasil.

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