Arena Especial, Notícias do dia

BRF negocia acordo de leniência nos casos das operações Carne Fraca e Trapaça

A BRF , fabricante de alimentos dona das marcas Sadia e Perdigão e líder no setor, está negociando um acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), segundo informou hoje o jornal Valor Econômico. O pedido da empresa, costurado pelo presidente Pedro Parente, foi apresentado aos órgãos há algumas semanas e as equipes de negociação estão sendo montadas. Os órgãos tratam o assunto sob sigilo. Procurada pelo jornal, a BRF limitou-se a dizer que “a posição da empresa é de colaborar com as autoridades num diálogo amplo e transparente”.
A BRF pretende detalhar o funcionamento de um esquema de pagamento de propinas para fiscais do Ministério da Agricultura. Na BRF, sobretudo depois que Pedro Parente assumiu o comando do conselho de administração, chegou-se à conclusão de que um acordo é necessário em razão das revelações das operações Carne Fraca e, especialmente, a Trapaça – terceira fase da Carne Fraca, liderada pela Polícia Federal e que teve a BRF como foco. A Trapaça envolvia acusações de subornos para laboratórios fraudarem laudos de carne de frango contaminados com a bactéria Salmonella destinados à exportação. A empresa alega que a bactéria não impediria o consumo, pois ela seria eliminada no cozimento. A descoberta levou vários países a suspenderem a importação de frango da BRF e foi usada como argumento pela União Europeia para impor restrições ao Brasil.

Nesta semana, a PF indiciou o ex-presidente do Conselho da BRF, o empresário Abílio Diniz, o ex-presidente executivo e vários dirigentes da empresa por conta da Operação Trapaça.

Para a corretora Guide Investimentos, o impacto de um acordo de leniência poderá ajudar a BRF a resgatar sua credibilidade, em crise desde a divulgação das investigações da Polícia Federal na operação Carne Fraca e resultados operacionais fracos nos últimos dois anos.
A investigação policial deve continuar a repercutir negativamente, tanto no mercado local, quanto no mercado externo, diante de seus impactos: (i) nas operações da companhia – especialmente com relação as restrições sobre suas exportações; (ii) e danos de reputação; além (iii) de continuidade das mudanças estratégicas da administração da BRF. Segundo a corretora, os investidores devem adotar maior cautela com relação aos ativos da empresa, no curto prazo.
A Guide observa ainda que amarrar esse acordo não será simples, dado que seria a primeira vez na história do país, um acordo do gênero envolvendo crimes contra a saúde pública. E os valores das multas não foram acordados; mas é algo que pode afetar o desempenho e rentabilidade da BRF.

Artigo AnteriorPróximo Artigo