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Petrobras: alta de 48% é excesso de otimismo e não reflete números da empresa, diz HSBC

Desde a divulgação dos resultados da primeira pesquisa eleitoral do Datafolha em 24 de fevereiro, a ação da Petrobras subiu 48%, contra um aumento de 19% do Ibovespa. O HSBC acredita que há um excesso de otimismo por parte dos investimentos em relação a possíveis mudanças nas políticas governamentais. “Contudo, em nossa opinião, os resultados operacionais dos últimos trimestres não sustentam essa esperança”, diz o banco em relatório enviado aos clientes e assinado pelos analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia. Os analistas citam o resultado do segundo trimestre da Petrobras, abaixo do esperado pelo mercado, para reforçar que o desempenho recente da ação não foi motivado pelos fundamentos da empresa.

O banco acredita que o mercado precificou uma melhoria na perspectiva para a estatal nos próximos anos com base na possível mudança na abordagem do governo em relação à empresa e, consequentemente, numa redução no nível negativo de interferência, principalmente no que se refere à política de preços dos combustíveis. Assim, a Petrobras passaria a reajustar os combustíveis para manter uma paridade mais próxima com os preços internacionais, reduzindo o prejuízo com a importação de gasolina e diesel mais caros para atendem ao mercado interno com preços mais baixos que os do exterior.

Reeleição, 50% de chance

O relatório do HSBC diz que em abril, quando a ação estava próxima de R$ 15,00, uma pesquisa com 30 investidores mostrou que o mercado estimava 75% de chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff. “Agora, com base no movimento do preço da ação para algo em torno de R$ 20,00, acreditamos que o mesmo precifica uma chance de 50% de reeleição do governo”, dizem os analistas do banco britânico.

Devido a seu relacionamento próximo com o governo, “é compreensível analisar a tese de investimento da Petrobras com um olhar em direção aos possíveis efeitos negativos de algumas políticas governamentais”, afirmam os analistas. No entanto, com base no histórico atual de interferências negativas, o HSBC acredita que os investidores devem focar no entendimento dos atuais fundamentos da empresa.

Números fracos

Sobre esses fundamentos, os analistas apontam que a alavancagem do balanço permanece elevada, os investimentos têm pouca flexibilidade de redução, o crescimento da produção está abaixo do guidance (estimativas) da empresa e não há visibilidade quanto às possíveis mudanças nas políticas de preços. Além disso, o HSBC estima um fluxo de caixa livre negativo pelo menos para os próximos cinco anos.

O banco reiterou sua classificação neutra e elevou o preço-alvo da ação de R$ 18,00 para R$ 19,00. “Também mantemos nossa preferência pela ação PETR4 (preferencial, PN, sem voto) sobre a PETR3 (ordinária, ON, com voto), uma vez que o resultado acumulado inferior deve limitar a possibilidade de um aumento no pagamento de dividendos para as ações ordinárias”, conclui o HSBC.

Lucro da Petrobras cai 20% no 2º trimestre

A Petrobras divulgou na sexta-feira à noite um lucro líquido de R$ 4,959 bilhões no segundo trimestre, 20,19% abaixo dos R$ 6,201 bilhões do mesmo período do ano passado e das projeções do mercado, que estimavam um lucro de R$ 6,7 bilhões a R$ 6,9 bilhões. O lucro também ficou 8% abaixo do obtido no primeiro trimestre do ano.

A geração de caixa descontada medida pelo lucro antes juros impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 16,246 bilhões, 10,2% abaixo dos R$ 18,090 bilhões do ano passado. A empresa divulgou um aumento das despesas financeiras líquidas em decorrência de encargos sobre as captações recentes e menor saldo médio de aplicações financeiras no Brasil. Além disso, as exportações de óleo caíram 29% em relação ao primeiro trimestre.

A presidente da estatal, Graça Foster, aposta em novo avanço da produção de derivados no segundo semestre, quando começa a produção, ainda que parcial, da Refinaria Abreu Lima. Segundo Graça Foster, esse crescimento da produção de derivados no segundo semestre reduzirá em 30% as importações de derivados.

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