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Resultados de empresas na AL decepcionam analistas do JP Morgan

Os resultados do segundo trimestre das empresas na América Latina decepcionaram e ficaram abaixo do consenso de crescimento de 17% do lucro líquido, de 3% no EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e de 2% nas vendas, avalia o banco americano J.P. Morgan. Todos os países analisados tiveram lucros menores sob o impacto de perdas cambiais e ganhos operacionais decepcionantes das companhias. A decepção se estendeu para todos os setores da América Latina, com exceção de Finanças – impulsionado por ganhos não operacionais no Brasil.

Em relatório assinado pelo estrategista chefe para América Latina, Pedro Martins, o banco acredita que as revisões para baixo dos lucros vão continuar à medida que os economistas reduzem as perspectivas para o crescimento das economias da região em meio ao enfraquecimento de suas moedas diante do dólar e o custo dos empréstimos aumenta.

Consenso de 11% de aumento nos lucros

O consenso para o crescimento dos lucros na América Latina foi reduzido para 11% este ano e 16% para 2014, mas ainda pode estar superestimado, acredita o JP, que considera exageradas as projeções de crescimento de 16% para os lucros no Brasil este ano e de 29% para o Chile.

Múltiplos ainda elevados

Segundo o JP, o mercado acionário latino-americano está sendo negociado por um preço equivalente a 11,6 vezes seu lucro projetado, o que representa um prêmio em relação às 9,6 vezes o lucro da média geral dos emergentes e um desconto em relação às 13,1 vezes os países desenvolvidos. A relação preço/lucro dá uma ideia do tempo de retorno do investimento em uma ação e, portanto, quanto menor, melhor.

E os investidores estão pagando mais pela qualidade, com o México, Colômbia produtos de consumo e fornecedores de insumos industriais e transportes sendo negociados com prêmios em relação a seus níveis históricos  e em relação a outros mercados, como o Brasil e Peru, e outros setores, como os de telecomunicações e energia.

Preferência por país

O México terá benefícios com a recuperação dos Estados Unidos, valorização cambial estimada, além de o país manter seu foco em reformas. Outro país que o banco acredita ser um bom mercado é a Colômbia, por sua relação com petróleo e a expectativa de crescimento de sua atividade econômica neste segundo semestre.

O Brasil não é considerado uma boa opção de mercado pelo banco devido à atividade econômica fraca, ao aumento de risco de crédito, e ao cabo de guerra entre políticas macroeconômicas necessárias e as eleições de 2014. Já Chile tem  risco de queda de lucros e político.

Brasil

O banco acredita que a economia brasileira perderá impulso neste semestre e que a queda no desempenho do terceiro trimestre será devido a mudanças nos indicadores de confiança e condições financeiras mais apertadas.

Em relatório divulgado, o JP Morgan reduziu a previsão do crescimento do PIB de 2,4% da economia no próximo ano. A estimativa anterior era de 2,7%. Para este ano, a previsão se manteve em 2%.

O banco estima que as empresas brasileiras estejam sendo negociadas a 9,8 vezes seu lucro, abaixo das 11,8 vezes da América Latina e das 18,1 vezes do México. Somente a Argentina tem uma relação preço/lucro menor que a do Brasil, de 5,9 vezes.

Entre as ações recomendadas pelo JP Morgan em sua carteira para América Latina, os destaques são Vale, Bradesco, BM&FBovespa, BR Malls, BR Properties e BB Seguridade.

Dentre as 25 melhores performances do mês na América Latina, 11 são de empresas brasileiras. As mais bem classificadas são LLX, B2W, MMX.

Já entre as 25 empresas latino-americanas com o pior desempenho, 14 são brasileiras. Destaque para HRT, OSX, Abril Educação, MPX e BM&FBovespa.

Setores de destaque

Os setores mais bem avaliados são os fornecedores de serviços e transportes, beneficiados pela ação dos governos da América Latina, que  concentram seus gastos com infraestrutura, Finanças, onde não bancos estão oferecendo forte perspectiva de crescimento, e Materiais, como mineração, siderurgia e celulose, contando com uma recuperação econômica global no segundo semestre e moedas fracas ajudando a exportação.

O banco acredita que os setores mais fracos são empresas de serviços públicos, como eletricidade, devido à política intervencionista no Brasil e ao risco hidrológico no Chile; Telecomunicações, por falta de visibilidade sobre o uso do fluxo de caixa livre e Consumo não cíclico, devido ao risco de estarem sobrevalorizadas em meio à desaceleração do crescimento.

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