Arena Especial, Notícias do dia

Fitch afirma ratings do Brasil, elogia reformas, mas vê cenário desafiador

As autoridades brasileiras fizeram progressos ao buscar reduzir os desajustes fiscais em econômicos nos últimos meses, mas o crescimento econômico fraco e um grande déficit fiscal significam que a estabilização da dívida pública segue como um desafio, afirmou hoje a agência de classificação de risco Fitch Ratings. Na semana passada, a Standard & Poor’s também havia falado sobre a evolução do Brasil e mantido a perspectiva negativa para o país.

A Fitch destaque que desde que deu ao Brasil a classificação BB-, com perspectiva negativa, em novembro, a administração do presidente Michel Temer consegui aprovar um teto de gastos e apresentou um projeto de reforma da Previdência.

A inflação também caiu acentuadamente e o déficit externo de contas correntes recuou para 1,3% do PIB, refletindo a forte redução das importações pela recessão econômica e pela desvalorização do real. Porém, o PIB também se contraiu pelo sétimo trimestre consecutivo no terceiro trimestre de 2016 e o setor público apresentou déficit elevado,  em 8,9% do PIB.

Segundo a Fitch, a aprovação do teto de gastos mostra como o ambiente político e as políticas econômica melhoraram desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas a reforma da Previdência pode se provar mais contenciosa e é a chave para fazer o teto de gastos efetivo e com credibilidade, já que a Previdência responde por 40% dos gastos primários do governo. A volatilidade política pode ressurgir e reformas impopulares podem se tornar mais difíceis ou diluídas com o ciclo eleitoral recomeçando em 2018.

Enquanto essas duas medidas combinadas, teto e reforma da Previdência, podem facilitar o ajuste fiscal, mais medidas são necessárias para acelerar a estabilização e mudar a trajetória da dívida pública, alerta a Fitch. Além disso, vários estados enfrentam sérias crises financeiras, acrescentando riscos para o ajuste fiscal. Na ausência de maiores taxas de crescimento da economia, o gradualismo da administração Temer, diz a Fitch, não deve estabilizar o débito público no médio prazo.

A Fitch espera que o Brasil saia da recessão este ano, mas os dados do terceiro trimestre de 2016, com queda de 2,9%, mostram fraqueza nos investimentos e no consumo. A queda da inflação em janeiro, por sua vez, dá ao Banco Central espaço para reduzir os juros além dos 0,75 ponto percentual de janeiro. Mas a confiança dos empresários parece ter estagnado enquanto o elevado endividamento dos consumidores e empresas e desemprego dificultam a recuperação.

A Fitch alerta que o fracasso em reduzir o ritmo de aumento da dívida pública ou a cristalização de compromissos financeiros maiores podem levar a um novo rebaixamento. O mesmo pode ocorrer diante da inabilidade de promover melhoras que incentivem a economia e ajustem as finanças públicas.

 

Artigo AnteriorPróximo Artigo