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IPCA no ano é o menor desde 2013; feijão com arroz puxou a inflação

O IPCA acumulado em 2016, de 6,29%, ficou 4,28 pontos percentuais abaixo do resultado do ano anterior, de 10,67%, e dos 6,41% de 2014, mas acima dos 5,91% de 2013, conforme dados do IBGE. Mais que isso, voltou para dentro do teto das metas do Banco Central (BC) para a inflação, de 6,5%. Mas ainda está longo do centro da meta, de 4,5%. A última vez que isso aconteceu foi em 2009, quando o IPCA fechou em 4,31%. Por isso o empenho do BC hoje de levar a inflação novamente para perto da meta. E este ano ele pode ter a ajuda do clima e da agricultura, que complicaram o ano passado. As chuvas devem também ajudar a manter a conta de luz, vilã de 2015, mais comportada este ano.

Série Histórica dos Acumulados no Ano – IPCA

Ano
Variação Acumulada no Ano
(%)
IPCA
Jul a Dez/94
18,57
1995
22,41
1996
9,56
1997
5,22
1998
1,65
1999
8,94
2000
5,97
2001
7,67
2002
12,53
2003
9,30
2004
7,60
2005
5,69
2006
3,14
2007
4,46
2008
5,90
2009
4,31
2010
5,91
2011
6,50
2012
5,84
2013
5,91
2014
6,41
2015
10,67
2016
6,29
Acumulado no Real
457,07

 

Alimentação e Bebidas e Saúde e cuidados pessoais puxaram inflação de 2016

As principais influências foram os grupos Alimentação e Bebidas, com alta de 8,62% e impacto de 2,17 pontos percentuais no índice, e Saúde e cuidados pessoais, com 11,04% e impacto de 1,23 ponto. Juntos, estes dois grupos somaram 3,40 pontos no acumulado do ano do IPCA, ou 54%, mais da metade da inflação do período.

Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
2015 2016 2015 2016
Índice Geral
10,67
6,29
10,67
6,29
Alimentação e Bebidas
12,03
8,62
3,00
2,17
Habitação
18,31
2,85
2,69
0,45
Artigos de Residência
5,36
3,41
0,24
0,14
Vestuário
4,46
3,55
0,29
0,22
Transportes
10,16
4,22
1,88
0,78
Saúde e Cuidados Pessoais
9,23
11,04
1,04
1,23
Despesas Pessoais
9,50
8,00
1,02
0,85
Educação
9,25
8,86
0,42
0,40
Comunicação
2,11
1,27
0,09
0,05

Alimentação pesou mais no bolso das famílias

Num ano em que a produção agrícola ficou 12% abaixo da colhida em 2015, explica o IBGE, o consumidor passou a pagar, em média, 8,62% mais caro do que em 2015 para adquirir alimentos. Isto colocou Alimentação e Bebidas (que tem peso de 25% nas despesas das famílias) na liderança dos impactos de grupo.

Os alimentos para consumo em casa (que tem peso de 17% no IPCA) subiram 9,36%, enquanto a alimentação consumida fora de casa (peso de 8,83%) subiu 7,22%. No entanto, no ranking dos impactos individuais, a alimentação fora de casa é líder, com 0,63 ponto. A região metropolitana de Fortaleza foi onde os preços mais aumentaram em 2016, 12,05%.

Região
Variação acumulada no ano (%)
Alimentação e bebidas
Alimentação em casa Alimentação fora
Fortaleza
12,05
13,75
7,27
Belém
10,40
11,41
6,95
Vitória
9,90
10,65
8,43
Belo Horizonte
9,69
9,50
10,13
Salvador
9,52
10,33
7,64
Campo Grande
9,32
9,74
8,25
Recife
9,30
11,14
4,88
Porto Alegre
8,93
9,54
7,61
São Paulo
7,83
8,23
7,23
Curitiba
7,56
6,61
9,29
Goiânia
7,43
7,59
7,10
Brasília
7,27
8,83
5,20
Rio de Janeiro
7,24
8,91
4,90
Brasil
8,62
9,36
7,22

Comer feijão com arroz como se fosse príncipe

Entre os alimentos consumidos em casa, houve aumentos significativos, com destaque para os feijões (56,56%) e o arroz (16,16%), que compõem o prato típico do brasileiro, sem contar a farinha de mandioca, que aumentou 46,58%.

Item
Variação (%)
Impacto ano (p.p.)
2015
2016
Refeição fora
9,71
5,67
0,29
Frutas
15,23
22,67
0,23
Lanche fora
10,76
10,74
0,21
Feijões
21,45
56,56
0,19
Leite longa vida
8,10
12,19
0,11
Arroz
9,65
16,16
0,10
Carnes
12,48
3,01
0,09
Açúcar cristal
29,99
25,30
0,08
Refrigerante
10,49
11,00
0,08
Café moído
11,21
20,34
0,07
Farinha de mandioca
8,62
46,58
0,07
Queijo
9,34
12,72
0,07
Leite em pó
-0,54
26,13
0,06
Pão francês
12,05
4,92
0,06
Carnes industrializadas
8,99
5,76
0,05
Refrigerante fora
10,67
10,22
0,04
Biscoito
7,77
7,97
0,04
Frango inteiro
13,42
7,31
0,04
Óleo de soja
17,17
13,51
0,04
Cerveja fora
13,21
5,02
0,04
Iogurte
6,86
15,10
0,03
Cerveja
8,78
7,56
0,03
Açúcar refinado
30,30
23,62
0,03
Pescado
10,75
8,98
0,03
Macarrão
9,26
9,16
0,03
Chocolate em barra e bombom
12,27
19,20
0,03
Alho
53,66
19,33
0,02
Ovos
18,55
9,96
0,02
Doces
10,08
7,86
0,02
Chocolate e achocolatado em pó
9,54
13,57
0,02
Frango em pedaços
3,43
4,15
0,02
Margarina
7,44
10,73
0,02
Enlatados
7,12
9,81
0,02

 

Sopa fica mais barata com cebola, batata, tomate e cenoura em baixa

Já a Cebola (-36,50%), a batata-inglesa (-29,03%), o tomate (-27,82%) e a cenoura (-20,47%) foram destaques entre os produtos que ficaram mais baratos no ano. Saúde e Cuidados Pessoais foi o grupo com a maior alta acumulada no ano (11,04%) e o único dos nove grupos cujos preços subiram mais em 2016 do que em 2015. A maior pressão veio das mensalidades dos planos de saúde (13,55%), que teve sua variação acumulada mais alta desde 1997. Já a alta acumulada dos remédios (12,50%) foi a mais elevada desde 2000. Destacam-se, ainda, no grupo, os artigos de higiene pessoal (9,49%).

Empregado doméstico puxa Despesas Pessoais

Os grupos Educação (8,86%), com destaque para os cursos regulares (9,12%), e o de Despesas Pessoais (8,00%), onde sobressai o item empregado doméstico (10,27%), terminaram o ano acima do IPCA. Os demais ficaram abaixo, com resultados entre 1,27% (Comunicação) e 4,22% (Transportes), contribuindo para a contenção da taxa do ano.

Transportes, mais caro de ônibus, mais barato de avião

No grupo dos Transportes (4,22%), que detêm 18% do IPCA, peso superado apenas pelos alimentos, destaca-se a alta do transporte público (7,78%): ônibus intermunicipal (11,78%), ônibus urbano (9,34%), metrô (9,14%), trem (8,45%), ônibus interestadual (7,66%), táxi (7,06%). Já as passagens aéreas foram a exceção, pois fecharam o ano com queda de 4,88%.

No caso dos ônibus urbanos (9,34%), os reajustes foram expressivos em algumas regiões, mas não ocorreram em três delas: Brasília, Belém e Fortaleza. Em Curitiba ocorreu a maior alta (16,12%), com Porto Alegre (15,38%) e Recife (14,54%) a seguir.

O item veículo próprio (2,91%) ficou muito abaixo do transporte público (7,78%), mesmo com o forte aumento aplicado sobre as multas, que acarretou em uma variação de 68,31% no ano. Já o automóvel novo (0,48%) e, mais ainda, o usado (-4,46%), itens com grande participação no índice, seguraram o resultado do item.

Gasolina sobe 2,54% e etanol tem alta de 6,7%

Os combustíveis, também do grupo Transportes, fecharam o ano com 3,25%, sendo 2,54% a variação da gasolina e 2,21% a do diesel. A partir de outubro, o preço dos combustíveis passou a ser definido, mensalmente, pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP). Assim, ocorreu redução em 15 de outubro de 3,20% na gasolina e de 2,70% no diesel. Em 08 de novembro houve redução de 3,10% na gasolina e de 10,40% no diesel. Em 06 de dezembro, alta de 8,10% na gasolina e 9,50% no diesel. Já o litro do etanol subiu 6,66%, após problemas na safra da cana de açúcar.

Energia elétrica derrubou o IPCA

A principal contribuição para conter a taxa do IPCA acumulado no ano veio da energia elétrica (variação de -10,66% e impacto de -0,43 p.p.), do grupo Habitação (2,85%). Destaca-se a região metropolitana de Curitiba, onde as contas recuaram 21,53% em relação a 2015. A energia também teve forte queda no Rio de Janeiro (-14,19%), Goiânia (-15,65%), São Paulo (-14,11%), Porto Alegre (-12,38%) e Vitória (-9,51%).

Comida fez Fortaleza liderar a carestia

Fortaleza foi a região metropolitana com a maior variação (8,34%), devido à alta de 12,05% do grupo Alimentação e Bebidas. O destaque foi para os alimentos consumidos em casa, que subiram 13,75%, bem acima dos alimentos consumidos fora de casa (7,27%). Já o índice mais baixo foi o de Curitiba (4,43%), onde as contas de energia elétrica ficaram 21,53% mais baratas, refletindo a redução, em 24 de junho, de 13,83% nas tarifas, aliada a reduções no PIS/COFINS durante o ano, além do retorno à bandeira verde. Curitiba havia tido a variação mais elevada de 2015 (12,58%), devido ao impacto do reajuste de 50% nas alíquotas do ICMS sobre vários itens, com vigência desde o dia 01 de abril daquele ano.

Região
Peso
Regional (%)
Variação anual (%)
2015
2016
Fortaleza 3,49 11,43 8,34
Campo Grande 1,51 9,96 7,52
Recife 5,05 10,15 7,10
Porto Alegre 8,40 11,22 6,95
Belém 4,65 9,93 6,77
Salvador 7,35 9,86 6,72
Belo Horizonte 10,86 9,22 6,60
Rio de Janeiro 12,06 10,52 6,33
São Paulo 30,67 11,11 6,13
Brasília 2,80 9,67 5,62
Goiânia 3,59 11,10 5,25
Vitória 1,78 9,45 5,11
Curitiba 7,79 12,58 4,43
Brasil 100,00 10,67 6,29

 

 

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