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Café na Arena: investimento em vinhos exige cuidado com origem e armazenagem, diz Cultinvest

Não basta um vinho ser bom para ser um grande investimento. É preciso saber sua origem, a qualidade de sua safra e como armazená-lo para poder vendê-lo um dia com lucro. Além disso, o vinho precisa ser longevo, para ser guardado durante anos e ganhar valor, assim como ter um mercado secundário que garanta sua venda. E, com o passar dos anos, as garrafas das boas safras vão ficando mais raras e ganham mais preço. Por isso é preciso ter paciência. Às vezes é preciso esperar 20 anos para que um vinho ganhe valor.

A explicação é de Filipe Albert, da gestora independente Cultiinvest. Ele é o responsável pelo fundo Bordeaux Wine Fund, o único fundo de vinhos do Brasil e da América Latina. Albert falou ao Café na Arena sobre o mercado de vinhos, a safra do ano passado e os cuidados que quem pensa em investir em vinhos precisa tomar.

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Onde comprar e guardar

Albert explica que há dois mercados principais de vinhos, em Bordeaux, na França, onde são produzidos os mais famosos e mais caros, e Londres, tradicional praça de negociação. Nos dois lugares há representantes das vinícolas e armazéns tradicionais que são especializados em vender e armazenar vinhos especiais. Um vinho de investimento precisa ter origem, em geral determinada por sua região produtora, especialmente na França e na Itália na região da Toscana. E não podem sofrer intervenções humanas, ou seja, dependem totalmente das condições climáticas. Por isso é tão importante avaliar as safras de cada ano, afirma Albert. No caso da safra de 2013, por exemplo, ela não será muito boa, uma vez que as condições climáticas não ajudaram.

O mercado de fundos de vinhos também é bastante restrito, explica Albert. No total, há cerca de 16 em todo o mundo que são regulados pelas autoridades e oferecem garantias para o investidor. Muitos, porém, foram criados durante a bolha dos vinhos, pouco antes da crise de 2008, apenas para se aproveitar da alta dos preços. Com a crise, alguns desses fundos saíram do mercado. No exterior, esses fundos podem ter aplicação mínima de US$ 100 mil ou € 100 mil. No Brasil, a aplicação mínima é de R$ 1 milhão, para superqualificados, por exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Bordeaux, o preferido

Em geral, esses fundos têm a maioria de suas aplicações em vinhos de Bordeaux, uma vez que são mais fáceis de vender e avaliar. Há negócios regulares com algumas marcas, o que permite ao gestor e ao investidor saber quanto vale sua carteira.

O candidato a investidor pode ainda comprar seus vinhos para investir, mas precisa tomar cuidado, alerta Albert. A estimativa é de que 5% dos vinhos rodando no mercado são falsos. Por isso é importante garantir sua origem, comprando diretamente do produtor. “Não compramos vinhos que rodaram o mundo, da Ásia, por exemplo”, diz. E a pessoa que compra o vinho e o guarda em casa já perdeu o selo de qualidade da origem.

Os preços dos vinhos podem garantir, porém, um bom retorno. Alguns subiram em 2013 80%, por conta de investimentos feitos por seus produtores na qualidade de sua produção. Mas há também os vinhos que subiram pelo modismo, como o Chateau Lafite, distorcido pela grande procura dos novos ricos chineses.

Para quem quer saber como anda o mercado de vinho, Albert sugere o site liv-ex.com, que traz cotações e informações de especialistas.

Não basta envelhecer

Albert observa que o vinho não pode apenas se manter, ele precisa melhorar com a passagem do tempo. As safras de 1995 e 1996, por exemplo, estão começando a ser bebidas agora, e por isso há valorização no mercado. As grandes safras anteriores foram as de 1989 e 1990, sem contar a de 1982, uma das mais famosas, que hoje é muito difícil de ser encontrada e, por isso, tem preços muito mais altos. Foi na safra de 1982 que o americano Robert Parker criou sua fama como grande especialista em vinhos, lembra Albert.

Safras e safras

A valorização dos preços é grande. Um Lafite Rothschild 1990, por exemplo, era negociado em 2000 a € 200 a garrafa, chegou a € 900 em 2011 e hoje custa € 650. Ou seja, em 13 anos, triplicou de valor. Outros não são tão conhecidos, como um Montrose, mas a safra 1990 chega a custar € 500 euros pela sua qualidade. “A safra de 1990 foi excepcional, mas a de 1991 já foi péssima, uma das piores”, observa Albert, mostrando como é preciso acompanhar as regiões produtoras e conhecer a história dos vinhos para fazer um bom investimento. Um Chateau Latour 1990, por exemplo, chegou a custar € 800 enquanto o 1991 não passa de € 400.

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