Ações na Arena, Corretoras

XP compra 100% da Rico e passa a ter 300 mil clientes

A XP Investimentos, maior corretora independente do mercado, anunciou hoje a aquisição de 100% do capital da concorrente Rico, segunda maior plataforma de investimentos online. Fundada em 2010 pelos antigos donos da Link corretora, a Rico oferece a seus clientes opções de investimentos em ações, tesouro direto, fundos, renda fixa e futuros. Com a compra, a XP passa de 200 mil para 300 mil clientes. A transação está sujeita à aprovação do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

A venda da Rico já era esperada pelo mercado, uma vez que seu controlador, a portuguesa Caixa Geral de Depósitos (CGD) não tinha interesse em ampliar o investimento no Brasil. A CGD herdou a operação brasileira do Banif ao socorrer o banco em dificuldades, com apoio do governo português. Depois, fechou a área de atacado da corretora e fez uma associação com a Rico para o varejo, ficando com 51% do negócio.

Os sócios brasileiros, entre eles Norberto Giangrande e Marcelo Mendonca de Barros, filho do ex-ministro Luiz Carlos, queriam ampliar o negócio, mas tinham a limitação da CGD, que não queria ampliar investimentos aqui. O impasse levou a decisão de vender o negócio, o que ajudará a CGD a se capitalizar em Portugal.

A aquisição da Rico Corretora ratifica a estratégia de portfólio de marcas, iniciado com a Clear Corretora em 2014. “Serão 3 marcas independentes, que juntas preencherão a nossa prateleira de serviços”, afirma Guilherme Benchimol, presidente do Grupo XP.

A XP afirma em comunicado que, nos últimos anos, seu modelo de negócio ficou conhecido pelo fortalecimento da figura do assessor de investimentos, e o movimento em nada muda a estratégia de fortalecê-lo ainda mais, afinal nenhuma das marcas, tanto a Clear quanto a Rico, se prestarão a oferecer assessoria personalizada. O plano é que mesmo após a fusão, as 3 marcas sigam independentes, com experiências e equipes distintas.

“A Rico Corretora foi um sonho iniciado em 2010, e depois de muitas conversas com a XP, entendemos que realmente a nossa união seria a melhor maneira de perpetuar nossos projetos. Estamos muito seguros e confiantes que fizemos a escolha certa para os nossos clientes”, afirma Norberto Giagrande, CEO da Rico.

Para Caio Villares, presidente da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord), a compra da Rico mostra a tendência de consolidação do mercado de intermediação no Brasil. O custo regulatorio cada vez mais alto, as exigências de investimento e a estagnação do número de investidores em bolsa faz com que o número de corretoras caia. Já a XP, com uma proposta de atuar não só com ações, investindo pesado na concorrência com os bancos, está mais capitalizada e pode assumir o papel de consolidadora. Villares observa que a XP caminha para virar um banco, com boatos até de abertura de capital em bolsa. “A receita de corretagem de ações já não é a principal”, diz.

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