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Setor de serviços recua 7,3% em janeiro, diz IBGE; fraqueza pode facilitar queda dos juros

De acordo com os dados divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de serviços na economia brasileira recuou 2,2% em janeiro sobre dezembro, após registrar alta de 0,7% em dezembro. O resultado ficou abaixo da projeção de -0,7% da MCM Consultores. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o índice de serviços apresentou queda de 7,3%.

Nesta divulgação de janeiro o IBGE fez algumas alterações metodológicas e o IBGE iniciou uma nova série sobre o setor Serviços do País, com ano-base 2014 = 100. Houve atualização da amostra de informantes para 12.200 empresas, selecionadas a partir dos estratos certo (empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas) e gerencial da Pesquisa Anual de Serviços/PAS 2014.

Com esta mudança metodológica, a MCM estima que serviços prestados às famílias e outros serviços tenham ganhado participação em detrimento da redução do peso de serviços de transportes e serviços de informação.

Mas, mesmo considerando os pesos antigos, o resultado do mês teria sido apenas 0,7 ponto percentual superior ao observado. Ou seja, ainda há uma forte queda mensal de -1,5%.

O resultado de janeiro não foi dos mais animadores, avalia a Rosenberg Associados. “Mesmo levando-se em conta que o ajuste sazonal pode perder qualidade pelo fato de termos uma série pequena, por qualquer ângulo que se olhe, temos um resultado ruim”, diz a consultoria.

Queda generalizada em serviços profissionais

Segundo a MCM, a abertura da pesquisa mostra que o resultado negativo no mês foi influenciado pela forte alta dos serviços prestados às famílias, serviços profissionais e outros serviços. Os três segmentos apresentaram fortes quedas, mas a redução de 14,5% dos serviços profissionais sobre dezembro foi quem mais chamou a atenção. A abertura do segmento mostrou queda generalizada.

O único setor que cresceu em janeiro foi o de serviços de informação, com alta de 5,5% sobre dezembro. O segmento voltou a crescer após quatro meses consecutivos de redução.

Assim, para a MCM, apesar do efeito negativo observado no mês da mudança de peso dos setores na pesquisa, o resultado foi bem aquém da expectativa e causa preocupação, uma vez que segmentos ligados à indústria seguem apresentando resultados ruins, mesmo com a relativa estabilização da atividade industrial.

Setores desaquecidos

Dentre os setores, a Rosenberg destaca as fortes quedas de serviços técnico-profissionais (23,9% em relação a janeiro de 2016). Estes serviços incluem Atividades jurídicas, de contabilidade e de consultoria empresarial, Publicidade e pesquisa de mercado e Outros Serviços (Serviços de arquitetura; Serviços de engenharia; Atividades técnicas relacionadas à arquitetura e engenharia; Testes e análises técnicas; Design e decoração de interiores; Atividades fotográficas e similares; Atividades profissionais, científicas e técnicas não especificadas anteriormente).

Ou seja, são os setores de serviços que mais respondem à crise e ainda refletem as dificuldades por que passam as empresas. Este, segundo a Rosenberg, deve ser o segmento de serviços a levar mais tempo para responder à recuperação da atividade econômica, que já começa a ser verificada na indústria.

Outros dois setores com queda destacada foram Transporte aéreo (-19,8%) e Serviços de Alojamento e Alimentação (-13%), ambos ligados a turismo (especialmente em janeiro). São também setores muito sensíveis à atividade econômica e que deverão mostrar mais lentidão na retomada, embora, a partir de março, possam mostrar algum alívio com a injeção de recursos na economia via liberação do FGTS das contas inativas, acredita a Rosenberg.

Para a consultoria, a PMS de janeiro reforça a intuição de que a recuperação se dará de forma lenta e gradual, sem grandes saltos. O setor de serviços, de maneira geral, foi o último a entrar em declínio e deverá, por seu turno, ser o último a retomar o crescimento.

O que não deixa de ser uma boa notícia em termos de inflação: os preços de serviços eram os que mais mostravam resistência e, com a recessão no setor se aprofundando, têm desinflacionado em velocidade impressionante. “Com isso, o Banco Central terá liberdade para acelerar o corte de juros, conforme já vem sinalizando e deve confirmar no Relatório Trimestral de Inflação, a ser divulgado amanhã”, diz a Rosenberg.

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