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Semana tem IPCA, varejo, inflação nos EUA, balanço da Petrobras e câmbio aqui e na Argentina

Os principais destaques da agenda semanal local serão a divulgação, na quinta-feira, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) –  que mede a inflação oficial – de abril e a Pesquisa Mensal do Varejo de março, que o IBGE apresenta na sexta-feira, dia 11. O índice oficial de inflação será um indicador importante para a definição, em 16 de maio, da nova taxa de juros básica Selic, enquanto os dados do varejo devem confirmar se a economia está perdendo o ritmo de recuperação que o mercado projetava no começo do ano, o que também pode influenciar a decisão do Banco Central de manter ou não os juros, hoje em 6,5% ao ano. Alguns bancos estão revendo suas estimativas para o crescimento do PIB para menos de 3% neste ano, frustrados com os dados recentes da economia.

Falando em inflação, também o IGP-DI, na terça-feira, e a primeira prévia do IGP-M de maio, na quinta-feira, serão importantes pois podem indicar algum impacto da alta do dólar nos preços no atacado e que pressionaria os preços ao consumidor nos próximos meses. Uma economia mais fraca pode segurar o repasse dos preços influenciados pela alta do dólar. É importante ainda acompanhar a pesquisa semanal Focus do Banco Central, na segunda-feira, que pode mostrar se a alta do dólar já influencia as expectativas do mercado financeiro.

De olho no dólar

Também o comportamento da moeda americana, que fechou na sexta-feira vendida por R$ R$ 3,52 no mercado comercial, deve mexer com os demais mercados e com as expectativas de juros e inflação. A divisa americana, que chegou a superar R$ 3,55, fechou sexta-feira cotada a R$ 3,5240, praticamente estável no dia, apesar dos leilões de contratos de swap cambial promovidos pelo BC e que vão continuar nesta e nas próximas semanas. O dólar acumula alta de 1,79% na semana, 0,57% no mês, 6,30% no ano e 10,71% em 12 meses.

Auge da safra de balanços pode ajudar Ibovespa

Também segue no radar do mercado a  safra de balanços do primeiro trimestre, trazendo muitos resultados de companhias importantes, como Petrobras, Banco do Brasil, B3, Gerdau, AES Tietê, Ambev e Kroton. Os números podem influenciar os preços de alguns papéis, que estão sujeitos ainda às incertezas com o cenário externo e o ambiente de aquecimento menor da economia e incerteza com a eleição presidencial. Na semana passada, o Índice Bovespa perdeu 3,85%, encerrando na sexta-feira em 83.118 pontos. Os estrangeiros, que trouxeram R$ 4,379 bilhões para a bolsa brasileira em abril, começaram maio tirando recursos do mercado.

Os balanços começam na segunda-feira com Hermes Pardini, Magazine Luíza, Marcopolo e Linx após o pregão da bolsa. Na terça-feira, Petrobras traz os dados antes da abertura do pregão. Depois do fechamento saem BR Properties, Múltiplus, Iguatemi, Tupy e AES Tietê.

Na quarta, divulgam seus dados antes do pregão Gerdau e Metalúrgia Gerdau e Arezzo. Após o fechamento, saem Ânima, Ambev, Totus, Taesa e EDP.

Na quinta-feira antes do pregão saem Aliar, Azul, Burguer King, CCR, Cosan, EZTec e, depois do fechamento, CPFL Renováveis, Comgás, Iochpe Maxion, Tenda, Cyrela, B3 e Energisa. Sem horário definido, o Banco do Brasil divulga seus dados.

Na sexta-feira, está previsto antes do pregão o balanço da Kroton. Sem horário definido, saem Eletropaulo, Alpargatas, Ânima Educação e Cesp.

Atenção aos comportamento da inflação nos EUA e juros na Inglaterra

Na agenda internacional, analistas estarão de olho no dado de inflação ao consumidor (CPI) de abril dos EUA, a ser anunciado quinta-feira pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), e em reunião de política monetária na Inglaterra. Em março, lembra a consultoria Rosenberg Associados, descartou-se o efeito deflacionário observado no segmento de comunicação de igual período do ano passado, com respectivo salto na inflação na comparação interanual. “Na margem (variação mensal), a subida do preço do petróleo deverá impactar a inflação no curto prazo”, estima a equipe em relatório.

Para os economistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco, o índice de preços ao consumidor de abril nos EUA deverá continuar apontando para uma inflação acima da meta, em função da base de comparação mais baixa e da valorização observada na cotação do petróleo. Na Inglaterra, diante de dados mais comedidos de atividade e inflação, o Banco Central deverá optar pela manutenção da taxa básica de juros, estima a equipe em relatório.

De olho no comércio e economia da China, e na movimentação do câmbio aqui e na Argentina

Destaque de agenda ainda para informações que devem sair nesta segunda-feira, sobre o comércio internacional da China, além da inflação e balança comercial chinesas referentes a abril. Também será acompanhada de perto a situação da Argentina, sobretudo o movimento do câmbio.

Alvaro Bandeira, economista-chefe da Home Broker Modalmais, mostra preocupação com o país vizinho, lembrando que a Argentina está perdendo reservas que não tem e jogando a taxa de juros a elevadíssimos 40% ao ano para segurar o dólar. E, ainda assim, vê-se a maior valorização do dólar frente ao peso argentino. “O Brasil parece mais imune, com suas reservas de US$ 382 bilhões, mas segue o mesmo script de déficit fiscal quase indomável, além de gastos em ano de campanha presidencial”, analisa.

Dólar abaixo de R$ 3,60?

Sobre a movimentação do câmbio, analistas do Banco ABC Brasil destacam em relatório: “se não nos parece que haverá uma nova rodada de desvalorização que leve o dólar a romper os R$ 3,60 nos próximos dias, tampouco temos motivos para esperar uma reversão dos níveis atuais”. Ainda na avaliação da equipe, o fato de se estar vendo movimentos relevantes no câmbio e, ao mesmo tempo, ser mostrada certa despreocupação com os impactos prejudiciais desse movimento sobre a inflação e a política monetária, “mostra a solidez dos fundamentos da economia brasileira e a necessidade dos ajustes fiscais para consolidar esse momento”.

Fragilizado, Temer já admite apoiar outras candidaturas de centro

No cenário político, as articulações visando a eleição presidencial – especialmente entre as forças que apoiam o governo – devem continuar nos centro das atenções. Cada vez mais fragilizado por suspeitas de participar do esquema de caixa dois para campanhas do MDB, o presidente Michel Temer já admite desistir da reeleição, abrindo a possibilidade de apoiar Geraldo Alckmin (PSDB) ou outras candidaturas de centro como Flávio Rocha (PRB) e Rodrigo Maia (DEM). Ou ainda abrir espaço para Henrique Meirelles no MDB. Há ainda uma questão estratégica, que é se o apoio de Temer é positivo ou negativo para qualquer candidato, dada sua baixíssima popularidade e enorme volume de acusações de corrupção.

Partidos atentos à possível candidatura de Joaquim Barbosa

O gesto do presidente, para o bem ou para o mal de um candidato, deve contribuir para que  Alckmin se mantenha em evidência e possa dividir as atenções com o presidenciável do PSB, ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, que ainda não decidiu seu futuro político. A candidatura de Barbosa é acompanhada com atenção por todas as forças políticas por seu potencial de crescimento nas próximas pesquisas. Mas o PSB segue dividido diante da escolha entre alianças regionais que garantam as eleições de governadores, deputados e senadores e o apoio a um candidato único que não tem grandes compromissos com o partido. A restrição de recursos, limitados ao fundo partidário, também pesa, já que Barbosa dividiria os parcos valores dados ao partido com os demais candidatos, ou até ficaria com mais que eles.

PT mantém expectativa da libertação de Lula

No campo da oposição, as atenções voltam-se principalmente para o PT. A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os petistas estão na expectativa, pois deve ir até quinta-feira, dia 10, o último prazo para a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgar um novo recurso contra a ordem de prisão do petista, determinada pelo Tribunal Regional Federal da 4 Região (TRF-4).

Depec-Bradesco vê núcleos ainda bem comportados e IPCA em 0,27%

Na avaliação do Depec-Bradesco, com núcleos (cálculos que excluem do índice itens mais instáveis, como combustíveis e alimentos) ainda bem comportados, o IPCA de abril deverá mostrar variação de 0,27%. No atacado,  IGP-DI de abril deverá apontar variação de 0,64%.

Os analistas da Rosenberg Associados também esperam variação de 0,27% para a inflação oficial, acima do 0,14% do mês anterior. Na comparação em 12 meses, a inflação deve acelerar, de 2,68% para 2,81%.

Pressão de hortifrutis no grupo Alimentação e Bebidas

Ainda na comparação mensal, o destaque do IPCA de abril vai para a aceleração do grupo Alimentação e Bebidas, pressionado por itens relacionados aos hortifrútis. O grupo Saúde e Cuidados Pessoais, segundo a Rosenberg, deve refletir a subida do subgrupo produtos farmacêuticos, devido ao aumento autorizado pelo governo.

Varejo deve refletir recuperação a passos moderados

Para as vendas do comércio varejista, o Depec-Bradesco projeta alta de 0,7% em março ante fevereiro. “Também teremos os dados da Anfavea (na segunda-feira), com produção e vendas de veículos de abril, que podem apontar resultados mais fortes, em linha com o reportado pela Fenabrave nesta semana”, destaca a equipe do banco.

“Esperamos pequeno avanço do comércio em março na comparação com fevereiro, corroborando a recuperação da economia a passos moderados”, analisa a Rosenberg. A equipe destaca ainda que na comparação interanual, apesar do menor número de dias em março/2018 frente a março/2017, a presença da Páscoa ao final de março deste ano acabou por alavancar as vendas nessa base de comparação, e deve prejudicá-las em abril.

Volatilidade e indefinição de tendências nos mercados de risco

Para o economista-chefe da Home Broker Modalmais, Alvaro Bandeira, que acompanha o mercado e sobretudo os cenários para os mercados de risco, a volatilidade e indefinição de tendências devem prosseguir.

“No Brasil, estamos diante de processo político complicado, como temos relatado, e não é de se esperar que o Congresso vote matérias importantes nos próximos meses, seja por conta da Copa do Mundo que se avizinha, ou do burburinho eleitoral e todas as indefinições associadas ao processo”, destaca o analista.

Ele lembra ainda que, na semana que passou, usando dados de análise gráfica, que busca nos movimentos do passado antecipar o comportamento futuro dos preços, o Índice Bovespa perdeu um suporte importante ao fechar aos 83.118 pontos ,e agora, não pode cair abaixo da faixa de 82.800 pontos, sob pena de a desvalorização se acelerar mais. “Melhora só se conseguir voltar para cima de 83.700 pontos, caindo, novamente, naquela área de acumulação, mas ainda sem definição de tendência”, conclui.

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