Ações na Arena, ETFs

Repaginado, PIBB fica melhor e é opção para pequeno investidor entrar na bolsa

Primeiro e mais popular fundo de ações com cotas negociadas em bolsa no país, com mais de 15 mil cotistas, o Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB) foi renovado este ano e deve se tornar ainda melhor para quem quer aplicar na bolsa e não tem experiência nem muito dinheiro ou tempo para ficar montando uma carteira. Lançado para o varejo em oferta pública pelo BNDES em parceria com o Itaú em 2004, como forma de popularizar o mercado de ações, o PIBB foi o pioneiro dos fundos negociados na Bovespa, ou, como são conhecidos no exterior, os Exchange Traded Funds (ETF). Com aplicações a partir de R$ 88,00, ele permite ao investidor comprar uma cesta dos 50 papéis mais negociados na Bovespa, e com o menor custo entre os fundos da mesma categoria.

Mas, além de ser atrelado a um índice pouco conhecido, o IBrX-50, uma versão do Índice Bovespa, o PIBB nasceu com regras que dificultavam seu funcionamento e a arbitragem entre o valor de suas cotas e o das ações no mercado pelos grandes investidores. Em 2008, a criação de outros ETFs pelo Barclays – hoje BlackRock –, como o BOVA11, de Ibovespa, levou ao aperfeiçoamento das regras desse tipo de fundos, usando a experiência do banco, que é líder mundial dessa aplicação. Mas só recentemente, em junho deste ano, o PIBB conseguiu autorização para se modernizar.

O PIBB é o ETF com maior número de cotistas do mercado, 15.507, seguido do recém-lançado ECOO11, também do BNDES, mas atrelado ao Índice de Carbono Eficiente ICO2, que tem 12.976 cotistas. Ambos foram vendidos em ofertas públicas, o que explica sua maior pulverização. O terceiro é o BOVA11, com 5.173 cotistas. Apesar de não ter sido alvo de oferta, o BOVA11 caiu no gosto dos grandes investidores por sua ligação com o Ibovespa e é hoje o maior ETF do mercado brasileiro, com patrimônio de R$ 1,685 bilhão. O PIBB vem em seguida, com R$ 1,383 bilhão, e o ECOO11 em terceiro, com R$ 346 milhões. O PIBB é também o ETF mais barato do mercado, cobrando apenas 0,059% ao ano de taxa de administração, muito menos que a média dos demais, de 0,5% ao ano.

O PIBB, como outros ETFs, é um fundo que replica na carteira exatamente a mesma composição do índice que ele acompanha, no caso o IBrX-50. Ele é uma espécie de Ibovespa melhorado, que também reúne os papéis mais negociados da bolsa, mas usa também o valor das empresas no mercado para calcular o peso de cada ação no índice. Mas, apesar de menos volátil, o IBrX-50 não emplacou, não tem mercado futuro e não é usado por muitos gestores.

A esses problemas juntaram-se outros, como o fato de o PIBB ter de manter exatamente a mesma proporção de papéis do IBrX-50, o que o obrigava a comprar lotes menores de ações no mercado fracionário, onde os preços são mais caros que os do lote padrão. Isso aumentava seu custo e dificultava a gestão, lembra Tatiana Grecco, responsável pelos fundos passivos (que acompanham índices) do Itaú.

Além disso, essa regra dificultava grandes investidores de fazerem arbitragens entre a cota do fundo e os preços das ações no mercado. Assim, se o preço das ações no mercado caía demais, os grandes investidores não conseguiam trocar ações por cotas do fundo, pois era muito caro comprar parte dos papéis no mercado fracionário.

Já a operação contrária, tirar ações do fundo quando elas estavam mais baratas para vender no mercado, era mais fácil, o que levava os grandes investidores a “destruir” cotas.  “Isso impedia o PIBB de crescer, pois os arbitradores só tiravam ações do fundo, não traziam de volta”, lembra Tatiana.  Agora, após um ano e meio de negociação, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o PIBB a fazer como os outros ETFs mais novos, que podem manter uma parcela da carteira fora do padrão por algum tempo. Além de facilitar a gestão do fundo, a medida facilitará também a conversão de ações em cotas, já que o grande investidor poderá entregar as ações menos líquidas depois.

Outra mudança é a criação pela bolsa de um preço de referência para a cota, o que não existia antes para o PIBB, mas os outros ETFs tinham. Esse preço é calculado pela bolsa e ajuda a orientar o investidor sobre o valor médio de negociação da cota, o que dá mais segurança na compra ou na venda. Foi permitido também ao PIBB contratar um formador de mercado (market maker), corretora que se compromete a negociar o papel todos os dias para aumentar a liquidez e garantir preços de referência. “Com essas mudanças, os arbitradores apareceram e o volume de PIBB passou de R$ 3 milhões por dia para R$ 6 milhões”, comemora Tatiana. O aumento das operações com grandes clientes está também atraindo gestores de fundos multimercados e de ações, que podem usar o PIBB em suas carteiras em vez de ter de comprar ação por ação, ou podem também alugar as cotas de fundos de pensão.

Tudo isso levará a um aumento da liquidez do PIBB e melhorará suas condições de compra e venda do mercado, ajudando também o pequeno investidor.

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