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Renegociação de dívidas de Estados com a União salva bancos menores

O acordo entre os Estados e o governo federal prevendo suspensão dos pagamentos da dívida no segundo semestre trouxe um alívio não só para os governos regionais, mas também para os bancos, especialmente os de menor porte. Essas instituições estavam sofrendo com os atrasos de pagamentos dos governos estaduais para seus funcionários e pensionistas, o que aumentava a inadimplência nas carteiras de crédito consignado. “Foi um alívio, tinha muito banco passando apertado com esses atrasos”, diz um executivo de uma instituição que pediu para não ter seu nome citado, que também é integrante da Associação Brasileira dos Bancos (ABBC), que reúne os bancos menores.

O crédito consignado é uma das principais linhas de crédito dos bancos de menor porte, especialmente com Estados e municípios, por sua segurança e menor risco de inadimplência. Muitas instituições se especializaram nesse tipo de crédito para sobreviver em um mercado financeiro cada vez mais concentrado em grandes bancos, com muito maio poder de fogo. E a crise fiscal ameaçava pegar em cheio essas instituições, que já sofriam com a inadimplência de pequenas e médias empresas e com o crédito pessoal livre.

A própria agência de classificação de risco Fitch havia alertado recentemente para o impacto dos atrasos dos Estados na carteira de crédito dos bancos. Segundo a agência,  empréstimos para servidores públicos e pensionistas são populares entre as instituições brasileiras, por serem vistos como de baixo risco, com amortizações diretamente nos salários dos trabalhadores. Entretanto, a opção é bastante utilizada por bancos varejistas menores, nos quais essa linha de negócios pode representar uma grande parcela dos empréstimos concedidos. Já os bancos maiores tendem a ter carteiras de empréstimo mais diversificadas, sem riscos de concentração.

A Fitch alertou que os pagamentos atrasados ​​a fornecedores, funcionários e pensionistas estavam se tornando cada vez mais comuns por aqui, com alguns Estados adiando datas de pagamento, parcelando salários ou pagando apenas as remunerações mais baixas.

Até março deste ano, os empréstimos consignados representavam 9% do total de crédito concedido por bancos brasileiros: 60% deles com desconto em folha de pagamento para funcionários públicos, 33% para pensionistas e 7% para trabalhadores do setor privado, aponta a Fitch.

 

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