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Queda da Selic faz Ibovespa subir 2,5%; juros futuros despencam e ficam abaixo de 11%

O corte nos juros básicos acima do esperado ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) animou os investidores a comprar ações no Brasil, ignorando a piora das bolsas internacionais com as declarações e ameaças do futuro presidente americano Donald Trump. O Índice Bovespa, que reúne os 59 papéis mais importantes do mercado brasileiro, subia às 13h20 2,5%, voltando aos 64 mil pontos com bom volume de negócios, R$ 4,5 bilhões até agora, projetando R$ 10 bilhões para o dia, contra uma média neste mês perto dos R$ 5 bilhões.

Os bancos estão em alta, pela expectativa de que a queda nos juros vai reduzir a inadimplência e estimular a tomada de crédito. Ontem mesmo, Bradesco e Banco do Brasil anunciaram reduções em suas taxas de crédito, simbólicas, mas já indicando a tendência para os empréstimos. A ação preferencial (PN, sem voto) do Itaú Unibanco, papel de maior peso no índice, suba 1,54% enquanto Bradesco PN ganhava 2,25% e o papel ordinário (ON, com voto) do BB ganhava 2,5%.

Também Petrobras e Vale, os dois papéis mais negociados hoje, subiam. A Vale ganhava com a nova alta do minério de ferro, a terceira seguida, de 0,72% hoje, com a tonelada negociada a US$ 80,99 na China. O papel PNA da mineradora ganhava 2,71% e ON, 3,16%. Já as ações da Petrobras sobem com a alta do petróleo no exterior.

O barril do tipo WTI, negociado em Nova York, subia 1,88%, para US$ 53,23, enquanto o Brent, de Londres, ganhava 2,01%, para US$ 56,21, impulsionados com informações de que a produção da Arábia Saudita está menor, conforme acordo dos países da Opep.

A ação preferencial da estatal ganhava 2,49% enquanto a ON, 2,22%. As notícias da Petrobras também são positivas, como a divulgação ontem do forte aumento da produção no pré-sal em dezembro.

As maiores altas do Ibovespa são de BR Malls Participações, com 8,90%, seguida de Cemig PN, 7,65%, Localiza ON, 6,98%, Lojas Americanas PN, 7,72% e Pão de Açúcar PN, 6,01%. A lógica do mercado é que a queda dos juros vai ajudar empresas endividadas, como as elétricas, e beneficiar o consumo, primeiro o de bens não duráveis, como supermercados, e de semiduráveis, como lojas de departamentos e shoppings.

Já as quedas são lideradas por Suzano Papel PNA, 2,38%, Fibria ON, 1,96%, Embraem ON, 0,90%, Ultrapar ON, 0,87% e Marfrig ON, 0,49%. A que dos juros, apesar de favorecer uma alta do dólar, não teve esse impacto e a moeda americana está em baixa hoje, o que reduz o interesse pelas empresas exportadoras.

No exterior, depois da coletiva desastrada de ontem, na qual não falou dos incentivos à economia e confirmou a crença na intervenção russa na eleição, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, continua preocupando os mercados. A promessa de acabar com  o programa de saúde público do presidente Barack Obama derrubou as empresas de saúde e biotecnologia nos Estados Unidos e na Europa. Hoje, a repercussão é a ameaça de taxar empresas americanas que forem produzir em outros países, o que teve repercussão forte na China e no México. O Índice Dow Jones perdia 0,76%, enquanto o Standard & Poor’s 500 recuava 0,77% e o Nasdaq, 1,01%.

Na Europa, as bolsas também estão em queda, com o Euro Stoxx 50 perdendo 0,48%, o Financial Times, de Londres, 0,01%, o DAX, de Frankfurt, 0,94% e o CAC, de Paris, 0,39%.

No mercado brasileiro de juros, as projeções dos contratos futuros de DI na BM&FBovespa registram forte queda, ajustando-se à surpresa do corte maior que o esperado da taxa Selic pelo Copom.

O contrato mais curto, para janeiro de 2018, que dá a projeção dos juros para este ano, caiu de 11,34% para 10,97%, uma redução expressiva que deve provocar perdas para muitos investidores que apostavam no corte de 0,5 ponto percentual. No para 2019, a projeção caiu de 10,84% para 10,46% e, na taxa mais longa, para 2021, a estimativa caiu para 10,76% hoje, ante 11,11% ontem.

A expectativa é que o corte, acompanhado da indicação de novas reduções de 0,75 ponto pelo comunicado do Copom, faça o mercado rever para baixo suas estimativas para a Selic no fim deste ano, hoje de 10,25% na média.

No mercado de câmbio, o dólar, que deveria se fortalecer com a queda dos juros, está em baixa, de 0,21%, vendido a R$ 3,185 no segmento comercial, do atacado. Já o turismo, do varejo, a queda é de 1,78%, para R$ 3,31 para venda.

 

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