As cadernetas de poupança tiveram em maio o primeiro mês com captação neste ano, com um saldo positivo de R$ 292,6 milhões*. Foi também o primeiro saldo positivo no mês desde 2014. Desde janeiro deste ano, os saldos mensais eram todos negativos, com os resgates superando as aplicações. Por isso, no ano, o saldo das cadernetas ainda está negativo em R$ 18,380 bilhões.
No ano passado, em maio, as cadernetas perderam R$ 6,591 bilhões e, em 2015, R$ 3,199 bilhões.
A expectativa de que os juros mais baixos tornem as cadernetas mais competitivas em relação a outras aplicações de renda fixa, especialmente os fundos de investimentos, pode ter ajudado a aumentar as aplicações e reduzir os resgates na poupança, contribuindo para a captação no mês. Com juros de 10,25%, por exemplo, somente fundos de renda fixa conservadores com taxa de administração de até 1,5% conseguem empatar ou ganhar da caderneta. E, com a perspectiva de que os juros vão cair mais, a vantagem das cadernetas sobre fundos e outras aplicações que pagam imposto de renda deve aumentar. O pior cenário para os fundos de investimento e o melhor para as cadernetas é se a Selic parar em 9% ao ano. Abaixo disso, o cálculo da poupança muda e os fundos com taxas de administração em torno de 1% voltam a ficar competitivos.
A melhora da economia apesar do aumento do desemprego também pode ter ajudado a incentivar as pessoas a guardarem mais dinheiro, bem como a crise política iniciada em 18 de maio. Diante da incerteza e das perdas registradas em outras aplicações, como fundos de renda fixa de longo prazo, Tesouro Direto e fundos multimercados, parte dos investidores pode ter preferido voltar para o que consideram mais seguro, as cadernetas.
O saldo total das cadernetas é formado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), voltado para a casa própria, e pela poupança rural, voltada para financiar o crédito rural. Só o SBPE teve saldo de R$ 172 milhões em maio e um saldo negativo no ano de R$ 13,064 bilhões. Já as cadernetas rurais tiveram captação líquida de R$ 120 milhões em maio e acumulam resgates líquidos no ano de R$ 5,316 bilhões.
A volta das aplicações em cadernetas é positiva pois garante recursos para financiar a casa própria e, parcialmente, o setor rural.
*Corrige versão anterior, que não considerava as cadernetas rurais, só as do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), voltado para a casa própria. Só o SBPE teve saldo de R$ 172 milhões em maio e um saldo negativo no ano de R$ 13,064 bilhões.