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Petrobras lucra 15% menos no 2º tri; empresa anuncia novo campo e pré-sal abaixo de US$ 7

A Petrobras fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 316 milhões, 15% abaixo dos R$ 370 milhões  obtidos no mesmo período do ano passado e 92% abaixo dos R$ 4,449 bilhões do primeiro trimestre. A queda em relação ao trimestre anterior foi atribuída a eventos extraordinários nos dois períodos, segundo Ivan Monteiro, diretor financeiro da empresa. “No primeiro trimestre, alguns dados foram excepcionais para melhor, como o custo de intervenção em poços secos e não comerciais, que caiu para R$ 300 milhões quando o normal é R$ 1 bilhão, e voltou no segundo trimestre para R$ 600 milhões”, explicou.

A empresa anunciou também a descoberta de um novo campo no pré-sal e que o custo de produção na área já caiu abaixo de US$ 7, metade do que era em 2014.

Eventos extraordinários

Houve também uma redução de estoques muito forte no primeiro trimestre que não se repetiu no segundo, mas que deve se repetir no terceiro, adiantou o diretor. A empresa também perdeu uma ação tributária e teve de aderir ao refinanciamento (Refis) do governo federal, pagando a primeira parcela de mais de R$ 1 bilhão. E ainda R$ 800 milhões de despesas também por conta de uma decisão judicial relativos ao arrendamento da sonda Vitória 2000. “Há ainda o custo dos gasodutos, que vendemos para Brookfield, mas esse não é um evento extraordinário, pois teremos de pagar pelo uso daqui por diante”, explicou.

Além disso tudo, Monteiro lembrou que o resultado foi impactado pela situação econômica do país e pelo preço do petróleo no mercado internacional. “O país está em recessão, o que reduz o consumo de combustíveis, e o preço do petróleo em baixa, que reduz a receita”, afirmou.  “Mas é preciso destacar que a companhia está melhorando, mostrou despesas menores, com imensa redução da grande ociosidade de equipamentos, e mesmo na intervenção de poços secos”, disse. “Além disso, houve expressiva melhora na eficiência com aumento da produção e redução dos custos”, disse, citando a redução do custo de produção do pré-sal, que chegou a US$ 7,00.

Custo do pré-sal caiu pela metade desde 2014

Como exemplo do que significa esse custo, a diretora de Exploração e Produção, Solange da Silva Guedes, diss que o custo total de exploração da companhia está em US$ 10,8 por barril. “Só o pré-sal está abaixo de US$ 7 nessa média (ou seja, os demais campos têm custo muito mais alto), o que mostra como é competitivo, e nós levamos isso em conta na hora de fazer a alocação de investimentos”, afirma. Segundo ela, em 2014, esse custo do pré-sal era o dobro, R$ 14,00, o que mostra a evolução na tecnologia e na eficiência da empresa.

Lucro operacional cresceu 5%, destaca Parente

O resultado do segundo trimestre foi bastante expressivo, principalmente pelo lucro operacional, que cresceu 5% sobre o ano passado, afirmou o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Segundo ele, o resultado ainda é mais importante diante da queda do preço do petróleo no mercado internacional. “O preço do petróleo caiu, então a quantidade cai e isso tem efeito sobre o resultado, mas ainda assim tivemos lucro operacional maior, em grand parte pelas medidas que estamos tomando”, afirmou.

“Por efeitos extraordinários, tivemos um lucro liquido bastante menor que no primeiro trimestre, mas é preciso destacar que pela segunda vez temos um resultado operacional positivo”, disse. “Temos muitas notícias boas, a dívida líquida abaixo de US$ 90 bilhões, novos poços e o custo de extração do pré-sal abaixo de US$ 7”, afirmou. Esse custo mais baixo é extremamente importante para a empresa, afirma Parente, “pois quem vai sobreviver no futuro no mercado de petróleo é quem tiver menor custo de extração”.

Ebitda cai 6,6%

O Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda), indicador da geração de caixa da companhia, caiu 6,6%, para R$ 19,094 bilhões, ante R$ 20,450 bilhões  no segundo trimestre de 2016. Em relação ao primeiro trimestre, quando o Ebitda foi de R$ 25,254 bilhões, a queda foi de 24,4%.

A produção do pré-sal também foi destaque, com 1.686 mil barris equivalentes por dia no primeiro semestre como um todo, mais da metade dos 2.791 mil barris totais.

Dívida abaixo de US$ 90 bi

A continuidade de uma gestão ativa da dívida possibilitou o alongamento do prazo médio de 7,46 anos, em dezembro de 2016 para 7,88 anos, em junho de 2017, bem como a redução do endividamento líquido em dólares em 7%, que passou de US$ 96,4 bilhões para US$ 89,3 bilhões. Com isso, a métrica financeira Dívida líquida/Ebitda Ajustado traçada pela Petrobras no seu Plano de Negócios e Gestão foi reduzida de 3,54 vezes para 3,23 vezes.

Novas operações no exterior

Segundo Ivan Monteiro, a empresa está também melhorando o perfil da dívida, abrindo espaço nos bancos. “Havia uma preocupação com a atitude dos bancos com relação à empresa, mas fomos testando os bancos americanos, europeus e vamos anunciar outras operações de troca de dívida em breve”, disse. Segundo ele, a Petrobras vai reduzir as dívidas a vencer em 2018, 2019 e 2020, também já se preparando para as turbulências do calendário político e da eleição presidencial. “Vamos reduzir os vencimentos de 2018, de US$ 9,6 bilhões, para US$ 8 bilhões a US$ 8,5 bilhões”, disse, prevendo uma operação de US$ 1,5 a US$ 2 bilhões nas próximas semanas.

Em julho, o total de empregados da companhia foi 63.152, uma redução de 18% em comparação a dezembro, em função do Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV).

Novo campo em Marlim Sul

Segundo a empresa, o novo campo de petróleo no pré-sal está na Bacia de Campos, na área do Campo de Marlim Sul, o primeiro nesse campo. A descoberta ocorreu durante a perfuração do poço conhecido como Poraquê Alto, com profundidade final de 4.568 metros. O poço que identificou a descoberta está localizado a 115 quilômetros da costa do Estado do Rio de Janeiro, em profundidade d’água de 1.107 metros. Os dados indicam reservatórios com boas características de porosidade e permeabilidade, a 4.420 metros de profundidade e 45 metros de espessura com óleo. “Esse resultado demonstra o potencial de novas descobertas em bacias maduras, com infraestrutura de produção já implantada”, diz a nota da empresa.

 

 

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