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Padilha adia retorno; denúncias de Janot podem causar novas baixas no Ministério de Temer

O retorno do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ao trabalho, que estava previsto para hoje, foi adiado para o próximo dia 13. De acordo com a assessoria, há a expectativa de que ele tenha alta hoje ou amanhã. O ministro dará continuidade ao processo de recuperação em sua casa, em Porto Alegre. Pelo menos essa é versão oficial.

O caso da “mula”

Extra-oficialmente, porém, a expectativa é de que Padilha não voltará mais para o cargo, após ser citado pelo empresário José Yunes como responsável pelo pagamento de caixa dois da Odebrecht para o PMDB. Yunes, que é amigo do presidente Michel Temer,  afirmou ter servido de “mula” ao receber um envelope em seu escritório em São Paulo, a pedido de Padilha. Yunes confirma assim o depoimento do ex-diretor da Odebrecht Claudio Melo Filho, que vazou para a imprensa no fim do ano passado. O executivo disse que o escritório de Yunes era um dos indicados para a entrega de parte dos  R$ 10 milhões que teriam sido repassados pela empreiteira em dinheiro ao PMDB para financiamento de campanha.

O que fica claro é que, para isolar o presidente das acusações, Padilha deve se afastar do governo o mais depressa possível. E Temer deve perder um de seus principais operadores políticos dentro do PMDB e no Congresso.

Mais denúncias de Janot

A situação do presidente pode piorar nesta semana com a apresenção pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de mais uma lista de pedidos de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) após a aprovação das delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht. A lista pode sair até quarta-feira. Entre os denunciados devem estar Padilha e o também o ministro Moreira Franco, citados pelos delatores como envolvidos no recebimento de caixa dois para o PMDB. Mas outros nomes do Ministério de Temer podem estar na lista. A saída pode não ser imediata, já que pela regra de Temer, apenas os ministros denunciados serão afastados e só os que virarem réus serão demitidos. No caso, a denúncia de Janot terá de ser aceita pelo Supremo para o ministro ser afastado e isso poderá levar meses. Depois de investigado, o ministro poderá ou não se tornar réu.

Condenação no TSE

O presidente enfrenta também a provável condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no julgamento da chapa que o elegeu juntamente com a ex-presidente Dilma Rousseff após os depoimentos de Marcelo Odebrecht e de outros executivos da empreiteira. Marcelo Odebrecht confirmou o pagamento de R$ 200 milhões para a chapa Dilma-Temer, sendo uma parte em caixa dois, acertado com os ex-ministros da Fazenda Antonio Pallocci e Guido Mantega. Apesar de Odebrecht ter aliviado a situação de Temer, ao afirmar que o atual presidente não pediu recursos de maneira ilícita, a tendência é que o TSE casse a chapa toda, já que há indícios de que o PMDB, partido do presidente, se beneficiou também do caixa dois por meio de Padilha.

Temer deve jogar na retranca e segurar o jogo

Há, porém, espaço para vários recursos do presidente e de sua defesa, que podem permitir ao governo ganhar tempo até 2018. Caso o julgamento ocorra este ano e Temer seja cassado, haveria eleição indireta de um novo presidente pelo Congresso, o que jogaria o país no caos por vários meses, um cenário que não interessa a ninguém, nem ao TSE. E o presidente ainda terá a chance de indicar dois nomes para o TSE, já que dois ministros deixam o cargo até maio e podem pedir vistas do processo. Assim, o cenario mais provável é que o julgamento da chapa seja arrastado até que perca seu sentido ou que o governo consiga aprovar as reformas.

Mercados ainda acreditam que dá tempo

Para o mercado, o esfacelamento da equipe de Temer ainda não afetou o otimismo dos investidores com as reformas. Caso, porém, haja sinais de que o presidente está perdendo força no Congresso ou que o processo poderá atrasar, correndo o risco de ser engolido pela campanha presidencial de 2018, os mercados devem sofrer bastante, especialmente a bolsa e o dólar.

De atestado médico desde o dia 20, Padilha foi submetido a procedimento cirúrgico no dia 27 de fevereiro, no Hospital Moinhos de Vento, na capital gaúcha, para corrigir um problema de obstrução urinária, provocada por uma hiperplasia prostática benigna.

Segundo assessores, o quadro de saúde de Padilha é estável e ele se recupera bem do procedimento. No entanto, em função da idade – 71 anos – seu médico achou por bem adiar para o dia 13 o retorno ao trabalho. Em setembro, o ministro foi internado por problemas de pressão arterial.

Com informações da Agência Brasil.

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