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Novas condições da Caixa facilitam financiamento; confira efeitos nas prestações do SFH

Quem pensa em financiar a compra da casa própria ganhou estímulo importante com as mudanças recém anunciadas pela Caixa Econômica Federal. Simulações feitas pelo consultor e diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) Miguel de Oliveira mostram que, num financiamento de R$ 450 mil, por exemplo, em 30 anos, pelo Sistema Financeiro da Habitação, SFH, a linha que usa recursos da poupança, a redução de valor na primeira parcela, considerando amortização pelo Sistema de Amortização Constante (SAC, no qual as prestações vão diminuindo com os anos), seria de R$ 431 (-8,75%) — resultando em uma economia de quase R$ 78 mil ao final do contrato.

Adiar pode ser vantagem

Para quem puder aguardar, avalia Oliveira, há chances de conseguir condições ainda um pouco melhores nos próximos meses, pois a tendência seria de aumento da concorrência e melhora na oferta de crédito, que estão com juros ainda elevados, também por parte de outros bancos. “Com este movimento, a Caixa volta a ter taxas parecidas com seus competidores. Pela sua importância no segmento, e porque os concorrentes já mostraram que têm interesse em investir no financiamento imobiliário, acredito que possivelmente vamos ver os demais bancos ajustarem um pouco para baixo suas taxas de juros”, analisa o consultor.

Juros vão partir de 9% ao ano no SFH e limite financiado subiu para 70%

Como já era esperado pelo mercado, na segunda-feira, dia 16, a Caixa anunciou a diminuição das taxas de juros do crédito imobiliário. Foi a primeira redução desde o final de 2016. O banco também ampliou a fatia do valor do imóvel a ser financiada.
As taxas mínimas passaram de 10,25% ao ano para 9% ao ano, para imóveis no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), e de 11,25% ao ano para 10% ao ano para os enquadrados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). As taxas máximas caíram de 11% para 10,25%, no SFH, e de 12,25% 11,25% no SFI. O limite de financiamento do imóvel usado voltou a subir, de 50% para 70%.

Banco continua sendo referência para concorrentes em crédito imobiliário

O diretor da Anefac lembra que a Caixa Econômica, ainda o maior financiador e referência no segmento de crédito imobiliário, está voltando ao que praticava anteriormente, depois dos momentos mais apertados de crise na economia e dos seus problemas de redução de capital, que a obrigaram a reduzir o percentual de financiamento e elevar suas taxas de juros. A situação complicada do banco oficial, somada à movimentação dos seus principais concorrentes (BB, Itaú, Bradesco e Santander), que reduziram suas taxas de juros para menos de dois dígitos, “levaram a Caixa a perder mercado, que agora ela busca recuperar, devendo estimular a concorrência e trazer benefícios ao consumidor”.

Mudanças ajudam a viabilizar novos financiamentos

No que diz respeito ao consumidor, diz Oliveira, as mudanças permitem um duplo estímulo para financiar a casa própria. Por um lado, haverá um percentual maior de financiamento, passando do limite de 50%, que na maioria das vezes inviabilizava a compra, para 70%. O segundo fator importante, que igualmente beneficia o consumidor, é a redução da taxa de juros. “Por se tratar de financiamentos de alto valor, e a serem feitos em prazos longos, que podem chegar a 35 anos, qualquer redução na taxa de juros, por menor que seja, traz impacto e uma redução importante em todo o financiamento”.

Efeito sobre a economia é positivo, mas não deve ser imediato

Do ponto de vista da economia como um todo, Oliveira acredita que as novas condições de crédito da Caixa são igualmente importantes, uma vez que o setor imobiliário tem grande intensidade de mão de obra e, na medida em que as condições de crédito melhoram, incentivando a compra ou troca de imóveis, se permite novas construções e contratações de trabalhadores, fazendo girar a economia e estimulando a criação de um circulo virtuoso. “Naturalmente isto não ocorrerá de imediato”, diz o diretor da Anefac, diante dos problemas na renda das famílias e do desemprego elevado. “Tudo isso retardará este quadro, mas já começaremos a ver uma procura maior pelos financiamentos”, estima.

A Anefac fez algumas simulações mostrando o efeito, no bolso do consumidor, das novas condições oferecidas pela Caixa Econômica Federal no SFH.

Confira:

1) Exemplo 1 – Financiamento no valor de R$ 450.000,00
Antes
1ª parcela – R$ 4.924,18
Última parcela – R$ 1.260,20
Total pago – R$ 1.113.189,62

Agora
1ª parcela – R$ 4.493,29
Última parcela – R$ 1.259,00
Total pago – R$ 1.035.414,83
Haveria, nesse exemplo, uma economia de R$ 77.774,79 no financiamento.

2) Exemplo 2 – Financiamento no valor de R$ 950.000,00
Antes
1ª parcela – R$ 10.395,49
Última parcela – R$ 2.660,43
Total pago – R$ 2.350.066,97

Agora
1ª parcela – R$ 9.485,84
Última parcela – R$ 2.657,90
Total pago – R$ 2.185.875,76
Haveria uma economia de R$ 164.191,21 no financiamento.

Fonte: Anefac
* Foram utilizados nos exemplos financiamento por prazo de 360 meses (30 anos) e amortização pelo SAC – Sistema de Amortização Constante.

 

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