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Ibovespa cai 1,33% e volta aos 56 mil pontos; juros sobem e dólar fecha a R$ 3,13

Em um dia marcado pela aprovação do andamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, pela derrota da proibição de alta de salários dos servidores nas negociações das dívidas dos Estados e pela queda do petróleo no exterior, o Índice Bovespa teve recuo de 1,33%, para 56.919 pontos. O volume financeiro da bolsa somou R$ 6,4 bilhões, inferior à média diária do ano, de R$ 7 bilhões.

Os papéis preferencias (PN, sem voto) do Itaú Unibanco perderam 0,83%, Bradesco PN, 1,43%, as ações ordinárias (ON, com voto) do Banco do Brasil, 2,48%, e as units (recibos de ações) do Santander, 0,38%.

Com o petróleo em queda no exterior, Petrobras ON e PN caíram 3,80% e 2,69%, respectivamente. O mercado aguarda os números do segundo trimestre da estatal, previstos para amanhã depois do fechamento e, enquanto isso, especula com o impacto nos preços das ações, que já subiram mais de 70% no ano no caso das PN e mais de 50% nas ON.

O aluguel de ações PN da estatal, que indica apostas na queda do papel no curto prazo, atingiu um dos maiores níveis de sua história com R$ 4,6 bilhões no estoque de contratos em aberto. Os investidores alugam a ação de outro e vendem o papel no mercado, apostando que quando forem recomprar o papel para devolver vão pagar menos.

Já Vale ON caiu 4,74% e Vale PNA, 3,60%. A mineradora foi pressionada pela baixa de 1,1% do minério de ferro na China, para US$ 60,7 a tonelada.

Vale puxa perdas do Ibovespa e Gerdau sobe 3%

As piores perdas do Ibovespa foram lideradas por Vale ON, CSN ON, 4,02%, Cyrela ON, 3,88%, e Petrobras ON. Hoje, a Cyrela anunciou lucro de R$ 45 milhões no segundo trimestre deste ano, 27% inferior ao do primeiro trimestre e 62% menor que o do mesmo período de 2015. Na contramão, as maiores altas do índice brasileiro ficaram com Gerdau PN, 3,12, Gerdau Metalúrgica Pn, 3,02%, Smiles ON, 2,86%, e Qualicorp ON, 2,64%. O grupo Gerdau informou lucro líquido de R$ 184 milhões no segundo trimestre, uma queda de 30,6% sobre o número do ano passado.

Exterior recua; petróleo perde mais de 2% com produção saudita

Nos Estados Unidos, os pedidos de hipotecas cresceram 7,1% na semana até 5 de agosto, depois de uma baixa de 3,5% no período anterior. O Dow Jones teve perdas de 0,20%, o S&P 500, 0,29%, e o indicador da Nasdaq, 0,40%. Já na zona do euro, os investidores repercutiram os dados da produção industrial francesa em junho, que registrou queda de 0,8%, pior do que o esperado +0,1%, mas melhor que o recuo de 1,3% de maio.

Ambos os mercados financeiros foram afetados pela tendência de baixa do petróleo lá fora. O barril do WTI, negociado em Nova York, caiu 3,04%, para US$ 41,47, e o Brent, de Londres, 2,49%, para US$ 43,86.

A baixa veio no fim da manhã, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciar que a Arábia Saudita, maior exportador mundial, registrou em julho sua maior produção da história, com 10,67 milhões de barris por dia. O número é 30.100 barris por dia superior ao de julho do ano passado e mostra a dificuldade dos países produtores em reduzir sua produção para aumentar os preços.

Juros avançam; mesmo com BC, dólar fecha a R$ 3,13

Os juros futuros fecharam o dia em alta, com as taxas válidas até 2017 em 13,95% ao ano, contra 13,93% ontem. Para 2018, as projeções passaram de 12,66% para 12,67%, seguidas pelos contratos com vencimento em janeiro de 2021, de 11,85% para 11,88%. O mercado refletiu a alta persistente da inflação no país, que coloca em risco o corte da Selic. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,52% em julho, acima da taxa de 0,35% de junho.

No mercado de câmbio, na esteira da desvalorização da moeda americana no exterior, o dólar comercial caiu 0,27%, para R$ 3,13, e o dólar turismo perdeu 0,46%, sendo vendido a R$ 3,26. A divisa estrangeira recuou mesmo após novo leilão de swap cambial reverso do Banco Central (BC), de US$ 500 milhões.

No exterior, o dólar também está em queda diante do euro e do iene e de outras moedas emergentes. As moedas emergentes estão em suas maiores cotações desde junho do ano passado pela redução na aposta de alta dos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) neste ano, observa José Raymundo Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos.

Pressões para derrubar o dólar

No Brasil, o mercado gostou do placar da votação do impeachment, de 59 a 21, mas não do recuo do governo na renegociação da dívida dos Estados. Mesmo assim, a votação do impeachment, além de indicar que interino Michel Temer é cada vez mais o presidente efetivo do país, abre espaço para a aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso, com o limite de gastos da união à inflação passada. Há ainda o excesso de liquidez global promovida pelas medidas dos principais bancos centrais do mundo, que se junta ao otimismo maior com o Brasil para valorizar o real e derrubar o dólar, diz o especialista.

Quanto mais tempo o Fed demorar para subir os juros (o que pode ficar para o ano que vem) e o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar a Selic no Brasil, mais a tendência de baixa do dólar ganhará força aqui, conclui Faria Junior.

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