Ações, Ações na Arena

Ibovespa ignora exterior e sobe 0,81% com ata do Copom; dólar e juros caem à espera do TSE

O Índice Bovespa fechou em alta hoje, de 0,81%, aos 62.954 pontos, resistindo à piora dos mercados no exterior por conta do cenário político americano e das incertezas no Reino Unido e no Oriente Médio. As ações foram favorecidas pelos sinais da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), sinalizando a continuidade da queda dos juros básicos apesar da crise política. Os números positivos de produção e exportações de veículos em maio também animaram os investidores pela perspectiva de indicarem uma retomada mais forte da economia.

O volume negociado, porém, foi baixo, R$ 6,673 bilhões, para uma média no ano de R$ 8,330 bilhões. Mas está perto da média de junho, de R$ 6,521 bilhões, que começou mais fraco que maio, quando a média ficou em R$ 9,565 bilhões, puxada pela crise política.

Volume indica maior cautela

Baixo volume é um sinal de que os investidores estão colocando o pé no freio em suas aplicações em ações diante das incertezas, reduzindo também a volatilidade, especialmente esta semana, que pode ser decisiva para o presidente Michel Temer e seu governo com o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começou hoje à noite. E o Banco Central, oferecendo linhas de swap no dólar, evitando uma alta da moeda americana, ajuda a acalmar não só o câmbio, mas também bolsa e juros. O saldo de estrangeiros no mês está ligeiramente negativo, em R$ 23,6 milhões, reforçando a cautela dos principais investidores do mercado brasileiro. Os estrangeiros respondem por 51% do volume negociado com ações na Bovespa este ano.

Busca por proteção e estrangeiros

Papéis defensivos subiram bem, caso da Ambev, com alta de 0,85%, e das instituições financeiras, com bancos estrangeiros se destacando na compra, apesar do volume baixo negociado no dia. Morgan Stanley, Merrill Lynch e UBS compraram bastante, um indicador da presença de investidores estrangeiros, segundo um operador de uma corretora que pediu para não ter seu nome citado.

Bancos em alta, Petrobras estável

Entre os papéis de maior peso no índice, preferidos dos estrangeiros, Itaú Unibanco PN (papel preferencial, sem voto), ação de maior peso no índice, subiu 1,61%, Bradesco PN, 1,34% e Banco do Brasil ON (papel ordinário, com voto), 3,66%. Petrobras, que ontem fez apresentação aos investidores e falou em estudar a reabertura de capital da BR Distribuidora para arrecadar recursos para abater a dívida, além de pedir para entrar no nível de governança de estatais da BM&FBovespa, fechou com seu papel PN estável. Vale PNA subiu 0,20%.

JBS sobe 8% com 5º maior volume do dia

JBS foi outro destaque, com o quinto maior volume negociado do dia e alta de 8,37%, a maior entre os papéis do Ibovespa. “Com esse volume e essa alta, JBS pode ganhar mais espaço que o 1,32% que hoje tem no índice”, diz o operador. Dois compradores, também estrangeiros, Morgan Stanley e Merrill Lynch, concentraram as compras. A alta foi motivada pela venda as operações de carne bovina na América Latina para o concorrente Minerva por US$ 300 milhões, um preço considerado muito bom pelos analistas. Além disso, a empresa se saiu bem na negociação com o Ministério Público Federal em seu acordo de leniência, avaliam analistas.

Eletrobrás e BR Malls entre maiores altas

Além de JBS, as maiores altas do Ibovespa foram de Eletrobras PNB, com 5,27%, BR Malls Participações ON, 4,06%, Marfrig ON, 3,92% e Cyrela Realty ON, 3,24%. Eletrobras fechou um acordo com a Shanghai Electric Power, subsidiária da chinesa Shangai Electric, por meio da Eletrosul, para tocar projetos de transmissão de energia no Rio Grande do Sul no valor de R$ 3,27 bilhões.  BR Malls foi citada em boatos (negados pela empresa) de que estaria negociando uma fusão com a concorrente na área de shopping center, a Aliansce. Marfrig se beneficia da valorização dos ativos da JBS e Cyrela da queda dos juros indicada pela ata do Copom.

Exportadoras lideram quedas

As maiores quedas do índice foram das exportadoras, Suzano Papel PNA, 2,45%, Fibria ON, 2,01%, Klabin Unit 1,69%, além de Braskem PNA, que foi citada como uma as empresas que a Petrobras pretende ter maior ingerência por sua participação elevada. Equatorial ON caiu 1,31%.

Busca por proteção reduz juros nos EUA e puxa ouro

No mercado externo, a expectativa com a eleição no Reino Unido na quinta-feira, mesmo dia em que o Banco Central Europeu faz sua reunião mensal. Há também a expectativa com o depoimento no Congresso dos EUA do ex-diretor do FBI, polícia federal americana, James Comey, sobre a interferência ou não do presidente Donald Trump nas investigações sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial do ano passado.

Os juros dos papéis do Tesouro dos EUA de 10 anos despencaram diante da maior procura de investidores por proteção e estão no menor nível desde dezembro, em 2,147% ao ano. O iene se valorizou, assim como o ouro, que subiu 1,1%, e os títulos do Tesouro alemão. Há também preocupações com o Oriente Médio, com diversos países da região rompendo relações com o Catar, acusado de proteger terroristas e radicais islâmicos.

Bolsas em queda

Na Europa,  o Índice Stoxx 50 caiu 0,71%, enquanto o Financial Times recuou 0,01%. O Dax, de Frankfurt, perdeu 1,04% e o CAC, de Paris, 0,73%.

Nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones recuou 0,23%, o Standard & Poor’s 500, 0,28% e o Nasdaq, 0,33%.

Petróleo em alta

O petróleo subiu, com o barril do tipo WTI negociado em Nova York ganhando 1,7%, para US$ 48,19, enquanto o Brent, de Londres, ganhava 1,3%, para US$ 50,12. Foram os maiores ganhos desde 26 de maio, segundo o The Wall Street  Journal. A alta ocorre na véspera do anúncio dos estoques americanos de petróleo. A Administração de Informações de Energia dos EUA deve divulgar amanhã uma nova queda dos estoques, segundo analistas.

Juros futuros e dólar recuam

No Brasil, os juros caíram nos mercados futuros depois que a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou a expectativa de redução na taxa básica Selic apesar da crise política. O contrato para janeiro de 2018 fechou projetando 9,30% ao ano, ante 9,405% ontem. Para 2019, a taxa caiu para 9,37%, ante 9,56% ontem. E, para 2021, para 10,42%, ante 10,60% ontem.

No mercado de câmbio, o dólar recuou para R$ 3,278 no segmento comercial, das grandes operações, uma queda de 0,3%. No mercado turismo, a moeda ficou estável em R$ 3,42 para venda.

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