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Ibovespa cai 3% e volta para 62 mil pontos com dúvidas sobre Trump; Vale cai 8%

O Índice Bovespa está em forte queda hoje, acompanhando a baixa das bolsas no exterior e a maior aversão ao risco. Às 15 horas, o índice caía 3,05%, para 62.907 pontos, puxado para baixo pelas ações de commodities e bancos. O volume negociado é alto, R$ 5,6 bilhões, indicando pressão vendedora de estrangeiros.

O mercado repercute a queda do minério de ferro, de 4,26%, para US$ 87,59 no porto de Qingdao, na China, e do petróleo, de 1,87% o WTI, de Nova York, para US$ 47,32, e de 1,57% o Brent, de Londres, para US$ 50,81. O dia começou tranquilo, mas piorou com os sinais de que o presidente Donald Trump estaria enfrentando dificuldades em rever no Congresso o programa de saúde universal criado pelo antecessor Barack Obama. A preocupação se junta à expectativa do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de aumento dos juros este ano.

As dificuldades indicariam que Trump pode não conseguir aprovar no Congresso os projetos de incentivo à economia, como cortes de impostos e aumento de gastos em infraestrutura. Essa incerteza está levando os investidores americanos a reduzirem posições em ações, especialmente em bancos, que seriam beneficiados pela desregulamentação do setor prometida por Trump.

Há ainda uma maior aversão ao risco em relação ao Brasil, especialmente depois do escândalo da Carne Fraca, que colocou o país no noticiário mundial da pior maneira possível. O ambiente político ainda conturbado pela Operação Lava Jato, que tem hoje novos desdobramentos envolvendo figuras importantes do Senado, também incentiva os investidores a reduzirem aplicações no Brasil. O papel que indica o risco-Brasil, o CDS, estava hoje em 2,33 pontos percentuais, para 2,12 pontos há uma semana. O fato de o volume ser baixo quando a bolsa sobe e alto quando ela cai também mostra maior força de saída dos investidores.

Só dois papéis em alta

Apenas dois papéis dos 59 do Índice Bovespa estavam em alta, Marfrig ON (papel ordinário, com voto), 0,56%, e Suzano Papel PNA (papel preferencial, sem voto, série A), 0,15%. Já as ações PNA da Vale perdiam 7,72% e as PN da Petrobras, 5,44%. Os bancos brasileiros seguiam os americanos e Itaú Unibanco PN perdia 2,54% e Bradesco PN, 3,18%.

As maiores quedas do Ibovespa eram de Bradespar (holding que investe em ações da Vale) PN, 8,73%, CSN ON, 8,49%, Gerdau Metalúrgica PN, 7,65%  e o para ON da Vale, 7,87%.

Europa, ainda o receio na França

No exterior, o Índice Euro Stox fechou em queda de 0,23%, enquanto o Financial Times, de Londres, perdeu 0,69%. O DAX, de Frankfurt, caiu 0,75% e o CAC, de Paris, 0,19%. Apesar de o debate de ontem entre os candidatos franceses ter indicado vitória do Emmanuel Macron, de centro, a candidata de extrema direita Marine Le Pen continua preocupando os analistas com sua proposta de retirar a França da União Europeia se vencer, a exemplo do Reino Unido. Aliás, os países do euro preparam reunião no dia 29 de abril para discutir o Brexit, que deve começar oficialmente na semana que vem com o pedido formal de saída feito pelo governo da primeira-ministra britânica  Theresa May.

Nos EUA, o Índice Dow Jones acentuou as perdas à tarde caía 0,90%. O Standard & Poor’s 500 cai 1,12% e o Nasdaq, 1,45%.

No mercado de dólar comercial, a moeda americana era cotada a R$ 3,094 para venda, em alta de 0,71%. O dólar turismo está estável em R$ 3,25 para venda.

No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, as projeções dos contratos para janeiro de 2018 caíram de 9,99% ontem para 9,96% hoje. Para 2019, a queda foi de 9,55% para 9,50% ao ano e, para 2021, de 9,99% para 9,95% ao ano.

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