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Ibovespa abre em alta e dólar e juros caem com ajuste; receio com a crise continua

Os mercados abriram hoje revertendo parte das perdas de ontem, quando tiveram o pior dia desde 2008. O Índice Bovespa apresentava alta de 1,9%, aos 62.788 pontos, com os papéis que mais perderam ontem também se recuperando e os que ganharam devolvendo parte dos lucros. O dólar abriu em baixa, de 2,44%, vendido a R$ 3,307 no mercado comercial, com o Banco Central (BC) já realizando um leilão de swap cambial de 40 mil contratos, no valor de R$ 2 bilhões, o que equivale à venda futura de dólar.

O mercado se recupera, mas não com a convicção de quem já superou o receio de que a crise comprometerá a aprovação das reformas e o ajuste fiscal, necessário para o país retomar o crescimento. “Trata-se mais de um ajuste técnico depois das fortes quedas de ontem”, afirma um operador de uma corretora, que pediu para não ter seu nome citado. Qualquer nova notícia pode voltar a provocar nervosismo, e assim continuará até que o caso seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal e afastada a culpa de Temer, ou até que o presidente renuncie ou seja deposto pelo mesmo Supremo ou pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que analisa a chapa Dilma-Temer.

Um cenário mais complicado para os mercados seria uma renúncia de Temer, com uma eleição indireta e um presidente provisório que mantenha a atual equipe econômica e tente retomar as reformas, diz o UBS em relatório assinado pelo economista-chefe e ex-diretor do BC, Tony Volpon. O pior cenário seria outro processo de impeachment, que prolongaria a incerteza política e elevando as tensões sociais e um retorno a um cenário político parecido com o do segundo semestre de 2015, alerta o banco.

No mercado de juros, os contratos futuros de DI na B3 indicam queda nas projeções, com o vencimento janeiro de 2018 indicando 9,875% ao ano, 0,205 ponto percentual abaixo do fechamento de ontem. Para 2019, a taxa projetada está em 10,3%, queda de 0,11 ponto, e para 2021, 11,41% ao ano, alta de 0,02 ponto percentual.

“O mercado está mais calmo hoje, apesar de muita tensão no ar”, diz José Raymundo Faria Júnior, diretor técnico da Wagner Investimentos. Ele lembra que o futuro de Temer ainda é incerto e há chances de sobrevida do governo ao menos até a reunião do TSE no dia 6 de junho. “Para Temer sobreviver, ele precisará reverter o jogo muito rápido”. Até lá, com Temer continuando, o analista espera muita tensão e volatilidade. Ele evita recomendar a compra ou a venda de dólares, pois o ambiente ainda é de muita incerteza. Há fatores que continuam favorecendo a queda do dólar, assim como riscos que podem leva-lo mais para cima, por isso cada decisão vai depender da estratégia do investidor e de seu contexto. “Neste momento, em meio à forte intervenção do BC, o dólar tem upside limitado”, afirma Faria Junior. “Mas ninguém sabe o que irá acontecer nas próximas semanas”, diz. A expectativa é que mesmo que Temer saia, a equipe econômica continue levando adiante as reformas, mas mesmo assim será um processo complicado e cheio de riscos.

Na bolsa, as altas do Índice Bovespa são lideradas por Cemig PN, 6,85%, Estácio Participações ON, 6,75%, Gerdau Metalúrgia PN, 5,33%, Ecorodovias ON, 4,66% e Banco do Brasil ON, 4,51%. Já as maiores quedas do índice são das exportadoras, que subiram ontem, caso de Suzano Papel PNA, 2,44%, Fibria ON, 1,4%, BRF ON, 1,3%, Tim Participações ON, 1,2% e Ultrapar ON, 1%.

As ações PN da Petrobras, que ontem perderam 15%, hoje sobem 3,2%. Itaú Unibanco PN ganha 2,8%, Vale PNA, 1,3% e Bradesco PN, 3,6%.

 

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