Arena Especial, Câmbio

“Dólar Haddad” pode passar de R$ 5,00, estima gestora; “dólar Bolsonaro” está perto de R$ 3,90

A alta do dólar em relação ao real, que chegou nesta semana a R$ 4,12, pode estar apenas no começo, afirmam analistas. De acordo com quem ganhar a eleição e as propostas para ajustar a economia do país, reduzindo o déficit público e mudando a trajetória explosiva de crescimento da dívida do governo, a moeda americana ainda poderá andar muito mais ou cair um pouco. Estudo feito por uma gestora de recursos mostra a variação do dólar antes da eleição de 2002, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ganhou pela primeira vez a Presidência, comparada à deste ano.

Corrigidos pela inflação, os valores consideram os dias antes e depois do pleito e mostram que, naquela época, o dólar chegou a subir 70% (transformado em índice, ele foi de 100 no início do ano para 170 no pico) em relação ao início do ano. As linhas mostram comportamentos parecidos da moeda diante das incertezas com o impacto da eleição na economia. A cinza é o dólar neste ano e a laranja, em 2002, corrigida pela inflação.

No caso atual, essa alta de 70%, considerando a cotação do dólar em janeiro deste ano, de R$ 3,31, levaria a moeda americana para R$ 5,60. “É um exercício de acordo com a situação passada, pode ser um pouco exagerada, mas podemos dizer que o ‘dólar Haddad’ seria em torno de R$ 5,00”, diz um gestor, que pediu para não ter seu nome citado. O gráfico mostra também que, depois da eleição, a moeda recua, com o presidente eleito amenizando o discurso radical de campanha.

Esse cenário considera a vitória do PT e de seu candidato “virtual”, Fernando Haddad, e que o partido mantenha o discurso contra o teto de gastos, o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. Mas não há certeza de que esse cenário se confirmará. Na eleição de 2002, o partido mudou o discurso e divulgou a a Carta aos Brasileiros, que fez a moeda perder um pouco do ímpeto antes da eleição, como mostra o gráfico. Depois da eleição, com a indicação do ex-banqueiro do PSDB Henrique Meirelles para o comando do Banco Central, e a promessa de manutenção do tripé do Plano Real – equilíbrio fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação – o mercado se acalmou e o dólar passou a cair.

Uma mudança desse tipo hoje, porém, é vista como mais difícil, diante do desgaste sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff na campanha de 2014. Ela se elegeu negando a necessidade de ajustes, mas ao assumir promoveu uma mudança radical na política econômica, colocando o ortodoxo Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, que acabou com a Nova Matriz Econômica e fez a presidente perder apoio dentro do próprio partido.

Dólar Bolsonaro e Dólar Alckmin

O cenário com outro candidato que leve adiante as reformas é de menor pressão sobre o dólar, acredita o gestor. Assim, o “dólar Bolsonaro”, referência ao candidato do PSL que se apresenta como liberal, sob a tutela do economista Paulo Guedes, estaria em torno de R$ 3,90, diante das dúvidas de que ele seguirá a cartilha recomendada e que terá força para fazer as reformas. Já o “dólar Alckmin” estaria mais perto de R$ 3,60, diante da expectativa de que ele defenderá o ajuste fiscal e a reforma da Previdência e manterá uma menor intervenção do Estado na economia, levando adiante privatizações e profissionalização das empresas estatais.

 

Artigo AnteriorPróximo Artigo