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Com Selic a 12,25%, fundos com taxa de administração acima de 1,5% perdem para a poupança

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve divulgar amanhã a nova taxa básica de juros da economia, a Selic. A expectativa é de que a taxa, hoje de 13% ao ano, seja reduzida em 0,75 ponto percentual, o que a levaria para 12,25%. Mas cresceu nas últimas semanas o número de analistas que espera um corte maior, de 1%, ou até mais devido à forte retração da economia e pela surpresa para baixo dos índices de inflação divulgados, que reduzem também as projeções para o IPCA deste ano e do próximo.

Se a taxa for reduzida, diminui a vantagem dos fundos de investimento mais conservadores, os DI, ou duração baixa, em relação à poupança. Isso porque os fundos cobram uma taxa de administração sobre o valor aplicado, que pode chegar a 5% ao ano em alguns bancos. Se os juros da Selic caírem para 9,5% no fim do ano, como preveem alguns analistas, os fundos que cobram 5% ao ano ficarão com mais da meta do ganho, deixando apenas 4,5% para o investidor. Há ainda o imposto de renda, que varia de acordo com o prazo, de 22,5% até seis meses a 15% acima de dois anos. Já a caderneta é isenta de imposto e não tem taxa de administração.

Sugestão de leitura Empiricus: Os melhores fundos de investimentos

Cálculos feitos pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostram que, se os juros caírem para 12,25%, as cadernetas de poupança renderão mais que os fundos DI com taxa de administração superior 1,5% ao ano em todos os prazos. Para aplicações acima de seis meses, que pagam menos imposto, os fundos com taxa de administração de até 2% ao ano ganharão da poupança. Já a partir de um ano, os fundos poderão cobrar até 2,5% de taxa e ganharão das cadernetas.

Se os juros caírem para 12% ao ano, ou seja, um corte de 1 ponto percentual, a diferença será pequena. Os fundos com taxa de até 1,5% continuarão ganhando da caderneta em todos os prazos. Já os com taxa até 2,5% superarão a poupança nos prazos acima de 2 anos.

No caso dos CDBs, a Anefac estima que os papéis terão de pagar pelo menos 85% da taxa do CDI para atingir o ganho da poupança.

Fundos DI ou de duração curta

O cálculo foi feito considerando um rendimento da poupança de 0,60% ao mês, ou 7,44% ao ano. Consideram também que os fundos apliquem em papéis corrigidos pela taxa básica Selic, ou de duração baixa. Se forem fundos renda fixa de duração média, que misturam prefixados com LFT, o ganho pode ser maior que o da Selic, já que os juros estão caindo e o fundo possui títulos antigos. Também não se pode comparar com os fundos renda fixa de duração longa, que aplicam em papéis corrigidos pela inflação, as NTN-B, de maior prazo.

Simulação

Segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac e responsável pelo estudo, uma aplicação de R$ 10 mil no prazo de 12 meses com a Selic em 12,25% ao ano teria, na poupança, um rendimento de R$ 744,00, ou 7,44%. Já em um fundo com taxa de 1,5%, o rendimento seria de R$ 808,00, ou 80,8% ao ano, já descontado o imposto de 17,5%

Já se a Selic cair para 12%, o rendimento da poupança ficaria nos mesmos R$ 744,00. Já o fundo de 1,5% de taxa de administração renderia R$ 796,00, ou 7,96% ao ano.

A tendência, portanto, é que o rendimento dos fundos diminua com a queda nominal da Selic pelo impacto da taxa de administração. Assim, é bom o investidor já ir pesquisando no seu banco e negociando com o gerente taxas de administração mais baixas para manter seu dinheiro aplicado em fundos.

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