Ações na Arena, Corretoras

CGD pode vender participação na corretora Rico

A portuguesa Caixa Geral de Depósitos (CGD) pode vender sua participação de 51% na corretora Rico. Segundo fontes do mercado que pediram para não ser identificadas, o negócio está sendo proposto a instituições do mercado. A venda é reflexo de um impasse entre os sócios brasileiros, da antiga Link Investimentos, e os portugueses do banco estatal.

O motivo é que a CGD assumiu as operações do antigo Banif, também português, usando recursos do governo, e não pode aumentar agora seu investimento sem autorização das autoridades reguladoras de Portugal, que querem antes que a instituição pague a fatura anterior. Como a CGD não pode deixar de ter o controle da Rico, os brasileiros também ficam impedidos de fazer novos aumentos de capital para investir em projetos para a corretora  crescer. Por isso, procuram novos sócios no mercado para comprar a parte da CGD.

A matriz da CGD em Portugal também está no meio de uma grande reestruturação com redução de quadros de funcionários. As mudanças incluem um aumento de capital lá, de até € 5 bilhões, mas que depende ainda de um sinal verde do Banco Central Europeu (BCE), segundo a imprensa portuguesa.  O BCE barrou neste mês a proposta do banco de aumentar o número de executivos e criar um conselho independente de fiscalização. A CGD fechou o primeiro semestre com prejuízo de € 205,2 milhões ante lucro de € 47,1 milhões no mesmo período de 2015.

A CGD já havia entrado no mercado brasileiro no fim dos anos 1990, ao comprar o Banco Bandeirantes. A operação, porém, não deu certo e o banco foi vendido para o Unibanco em 2000.

Veio então a crise das dívidas dos governos na Europa, que afetou profundamente os bancos da região e obrigou a CGD a atuar como braço do governo português e consolidadora do mercado, assumindo instituições em dificuldades. Ao assumir o Banif em Portugal, a CGD “herdou” as operações do banco no Brasil, entre elas a corretora, que era uma das líderes do mercado de varejo.

Em 2014, a corretora CGD deixou de atuar no mercado de atacado brasileiro, fechando sua área de clientes institucionais, e pouco depois anunciou uma associação com a Rico para o varejo.

Originária da Link Investimentos, que foi vendida para o UBS, a Rico surgiu de um acordo no qual o banco suíço ficou com a área de atacado da corretora e os sócios brasileiros com os clientes de menor porte. A associação com a CGD/Banif turbinou a corretora, que é hoje uma das maiores de pessoa física no mercado. Mas está com seu crescimento limitado pela dificuldade do controlador em aumentar seus investimentos.

Consultada sobre os comentários, a assessoria da CGD no Brasil disse que são apenas rumores de mercado. Em nota, informou que “não temos quaisquer informações a respeito do assunto indagado, sendo que consideramos apenas rumores de mercado, os quais o BCG-Brasil não comenta”.

 

 

 

 

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