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Ata do Fed derruba bolsas; Ibovespa cai 1,5% com pesquisa indicando derrota na Previdência

As bolsas americanas acabaram em baixa hoje, depois de subirem com dados de emprego no setor privado e caírem com a ata da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e com declarações pessimistas de políticos americanos. No Brasil, a bolsa reagiu a uma pesquisa mostrando que a oposição ao projeto de reforma da Previdência, principal ponto do ajuste fiscal do governo de Michel Temer, é muito grande entre os deputados.

Mais empregos

Os dados da consultoria privada de processamento de folhas de pagamento Automatic Data Processing (ADP) divulgados pela manhã mostraram a criação de 263 mil vagas em março, ante uma previsão de 180 mil do mercado, mostrando um mercado de trabalho mais aquecido e que deve impulsionar a economia. Os números aumentaram o otimismo com os dados oficiais do mercado de trabalho que saem na sexta-feira.

Revenda de títulos pelo Fed

À tarde, porém, a ata da última reunião do Fomc mostrou diretores defendendo que o Fed comece a reduzir seu estoque de títulos comprados do mercado na época mais grave da crise financeira. A redução do chamado “balanço” do Fed, sugerida para começar no fim deste ano, teria impactos na liquidez mundial e nos mercados de risco ao reduzir o dinheiro em circulação na economia.

Ações caras demais para o Fed

Além disso, os diretores afirmaram que os preços das ações estão altos em relação aos fundamentos das empresas, citando a possibilidade de uma correção nos mercados financeiros, com riscos para a economia, segundo o The Wall Street Journal.  Os papéis do S&P500 estariam sendo negociados a um preço equivalente a mais de 20 vezes seu lucro anual por 106 pregões consecutivos, o mais longo período desde 2010, segundo levantamento da consultoria FactSet, informou o Wall Street.

Mais difícil que o Obamacare

Ao mesmo tempo, a agência de notícias Reuters divulgou uma entrevista com o porta-voz da Câmara, Paul Ryan, afirmando que as mudanças na tributação sugeridas pelo presidente Donald Trump levarão mais tempo para serem aprovadas do que o projeto de reforma do sistema de saúde.

Bolsas americanas em baixa e petróleo resiste

Com isso, o Índice Dow Jones caiu 0,2%, o Standard & Poor’s 500, 0,3 e o Nasdaq, 0,6%. O petróleo perdeu um pouco do fôlego da manhã após dados de estoques nos Estados Unidos ainda elevados. O petróleo também oscilou bastante, com o barril do tipo WTI, negociado em Nova York, fechando e alta de  0,24%, para US$ 51,15, enquanto o Brent, de Londres, ganhou 0,35%, para US$ 54,36. O óleo subia mais, mas perdeu força após a divulgação de um aumento de 1,6 milhão, para 535,5 milhões de barris nos estoques americanos, o sétimo recorde em oito semanas.

Ainda nas commodities, a volta da China após feriado fez o cobre e o minério de ferro subirem. O minério ganhou 2,63% na China, subindo para US$ 81,54.

Na Europa, as bolsas fecharam sem uma direção única. O Índice Euro Stoxx 50 caiu 0,26%, enquanto o Financial Times, de Londres, subiu 0,13%. Já o DAX, de Frankfurt, recuou 0,53% e o CAC, de Paris, 0,18%.

BC corrige relatório de inflação para baixo

No Brasil, o dia foi de ajustes após o Banco Central (BC) corrigir as projeções do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Segundo o BC, a projeção para este ano é que o IPCA termine em 3,6%, e não 3,9% conforme havia sido publicado. Para 2018, a projeção é 3,3%, e não 4%. As novas projeções também caíram para o cenário híbrido, com dados do mercado, e Selic constante em 12,25%. Nesse caso, a inflação seria de 3,7%, e não 3,9% para este ano, e de 3,5% e não 4,2% para 2018.

Juros sobem com dólar e Previdência

Os novos dados derrubaram os juros por algum tempo, até que a piora do mercado externo com a ata do Fed e sinais preocupantes quanto à reforma da Previdência no Brasil fizeram os juros subirem no fim do dia. As projeções ficaram em 9,79% para janeiro de 2018, ante 9,80% ontem, 9,49% para 2019, ante 9,44% ontem, e 9,89% para 2021, ante 9,82% ontem. O dólar comercial também subiu, 0,58%, para R$ 3,117 para venda. Já o dólar turismo caiu 0,3%, para R$ 3,26 para venda.

Oposição à reforma chega a 240 deputados

O maior impacto sobre o mercado veio de uma pesquisa feita pelo jornal O Estado de S.Paulo, que mostrou que a proposta de reforma da Previdência é rejeitada por 240 deputados, mesmo com opções de suavizar o texto original. São 35 a mais que o limite de 205 deputados necessários para derrotar a proposta de emenda constitucional, que precisa de 308 votos a favor dos 513 deputados. O jornal afirmou ter ouvido 425 deputados, ou 83% do total, e apenas 20 disseram ser favoráveis à aprovação do texto original.

Adeus ajuste fiscal

A pesquisa é preocupante pois se a reforma não for aprovada ou se passar muito descaracterizada, não haverá como manter o controle de gastos dentro da inflação do ano passado. Com isso, o ajuste fiscal do governo iria por água abaixo e o país teria de buscar um forte aumento de impostos que inviabilizará a frágil retomada econômica.  Além disso, o dólar subirá e será preciso interromper o ciclo de redução dos juros básicos da economia, o que explica a alta dos mercados futuros nos prazos mais longos hoje.

Dos 96 favoráveis à aprovação do texto com ressalvas, segundo o Estadão, 69 defendem idade mínima menor que os 65 anos propostos pelo governo, ponto principal da reforma.

Queda de 1,5% no Ibovespa

Com isso, o Índice Bovespa acentuou a queda no fim do dia, de 0,35% para 1,51%, fechando aos 64.774 pontos, com forte baixa de ações de bancos, da Vale e da Petrobras. O volume financeiro ficou em R$ 7,819 bilhões, abaixo da média do ano, de R$ 8,2 bilhões.

Vale cai 3,7%

As ações preferenciais (PN, sem voto) série A da Vale caíram 3,69%, apesar da alta do minério. Já Petrobras PN perdeu 1,89%, mesmo com a alta do petróleo no exterior. Itaú Unibanco PN, papel de maior peso no índice, perde 1,83% e Bradesco PN, 2,04%.

As maiores altas do dia do índice foram de RaiaDrogasil ON (papel ordinário, com voto), com 2,10%, seguida de Lojas Renner ON, 1,87%, Estácio Participações ON, 1,82%, Ecorodovias ON, 0,78% e Equatorial ON, 0,61%. No caso das empresas de educação, Kroton e Estácio Participações, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) prorrogou por 60 dias a análise da fusão das companhias.

Já as maiores quedas foram das units (recibo de ações) do Santander, 5,09%, CSN ON, 4,84%, Gerdau Metalúrgica PN, 3,89%, Bradespar PN, 3,74% e Eletrobras ON, 3,57%.

 

 

 

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