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Após IPCA, analistas reduzem projeções para o ano e esperam corte do juro Selic para 6,5%

A divulgação do IPCA de fevereiro dentro das estimativas e bem abaixo da meta de inflação do Banco Central (BC) fez bancos e consultorias reverem para baixo suas projeções para o indicador e reforçarem a expectativa de um novo corte no juro básico, para 6,50% ao ano, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no dia 21 deste mês. O BC havia dito na ata da última reunião, de fevereiro, que baixou o juro de 7% para 6,75% ao ano, que aquela deveria ser a última redução deste ciclo. Mas deixou uma porta aberta caso as condições do mercado melhorassem, entre elas a inflação e o cenário externo. Hoje, o IPCA mostrou que há espaço para novos cortes e os dados de emprego nos Estados Unidos que não há ainda pressão para os juros subirem mais depressa.

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Bradesco revê IPCA de 3,9% para 3,5%

Para o Bradesco, a inflação ao consumidor continua com desempenho favorável e deve subir 3,5% neste ano. O IPCA de fevereiro registrou alta de 0,31%, confirmando trajetória baixista de núcleos e também com desaceleração dos preços de alimentos. “De fato, o comportamento recente tem surpreendido, com descompressão intensa em serviços e com resultados melhores inclusive de alimentação – grupo para o qual esperamos elevação no ano, mas que também tem tido desempenho mais favorável”, diz a equipe econômica do banco, comandada por Fernando Honorato Barbosa. O banco revisou para baixo o cenário do IPCA deste ano, de uma alta de 3,9% para 3,5%. Além disso, as sucessivas surpresas baixistas, que refletem o elevado nível de ociosidade e a gradual recuperação da atividade, justificam a perspectiva de novo corte de juros na próxima reunião do Copom, para 6,5%, diz o Bradesco.

Copom e Fomc no mesmo dia

Já a Guide Investimentos diz que a queda em 12 meses do IPCA, que passou de 2,86% para 2,84%, dá ânimo para que o mercado aumente a convicção sobre queda de Selic neste mês. “No dia 21 – o mesmo dia em que o Fed se reúne nos EUA, para decidir os rumos da política monetária –, acreditamos que a Selic irá para 6,50%, de 6,75%”, diz a corretora em comunicado. Assim, a “normalização” da Selic, ou seja, sua alta, ficará apenas para 2019.

Rosenberg espera corte e alta da Selic só depois de junho de 2019

Caso o ambiente internacional continue benigno, como testemunhado nos últimos dias, esta inflação mais baixa do primeiro trimestre do ano deve levar o BC a um derradeiro corte da Selic na reunião de março, colocando a taxa básica em 6,5%, com um ciclo de alta começando apenas no segundo semestre de 2019, avalia a Rosenberg Associados. Para a consultoria, as primeiras leituras de inflação mostram volatilidade relevante no preço dos alimentos em 2018. A sazonalidade típica do grupo apareceu com mais força em janeiro, mas se desfez em fevereiro. Assim, a queda do preço da energia elétrica compensou a subida do preço dos alimentos no primeiro mês do ano, enquanto que a subida dos serviços de educação ocupa o espaço do arrefecimento destes em fevereiro.

Assim, o índice ficou praticamente estável na comparação mensal de janeiro e fevereiro, e as diversas medidas de núcleo de inflação, que eliminam itens mais voláteis, como os alimentos in natura e os combustíveis, indicam que o movimento inflacionário benigno observado ao longo de 2017 ainda influencia a inflação de 2018. A consultoria lembra também que a inércia tem papel relevante para diversos itens de serviços, mas, mesmo eliminando itens mais resistentes, ainda se observa tendência de baixa no grupo.

“Assim, projetamos IPCA de 3,5% no ano (era 3,7%). Reiteramos que as diversas medidas de núcleos apontam para inflação bastante comportada no primeiro trimestre de 2018.”

Difusão mostra inflação mais fraca

A Rosenberg destaca ainda a queda na chamada taxa de difusão, que mostra o percentual de itens com aumento dentro do IPCA, o que dá uma ideia da força da inflação (ver gráfico abaixo). Em fevereiro, o índice ficou em 48,5%, para 57,9% de janeiro e 50,9% em fevereiro do ano passado.

Itaú revê corte dos juros

Outro banco que reviu sua estimativa, de manutenção dos juros em 6,75% em março para redução de 0,25 ponto percentual, foi o Itaú Unibanco. Segundo relatório, os dados divulgados desde a ata do Copom parecem compor surpresa significativa o suficiente para levar o Comitê a desviar de seu plano de voo e adicionar um estímulo final na próxima reunião.

“Dessa forma, revisamos nossa projeção e agora esperamos que a taxa Selic será reduzida para 6,5% em março, com a interrupção do ciclo de corte depois disto”, diz o relatório da equipe chefiada pelo ex-BC Mário Mesquita. Mas ele deixa claro que o corte deve parar por aí, já que a meta de inflação cairá nos próximos anos e a capacidade ociosa da economia vai sendo aos poucos ocupada, além dos riscos externos. “Conquanto dados mais fracos de inflação e atividade econômica justificam este corte, não esperamos que a taxa de juros da política monetária caia além de 6,5%, dado que o Copom deve continuar enxergando convergência em direção à meta (de inflação) em 2019 (que gradualmente se converte no horizonte relevante de política monetária).”, diz o relatório.

“Também pesam nessa direção o quadro de recuperação da atividade econômica, os efeitos defasados da política monetária – que  ainda devem continuar a trazer impulso adicional para a economia – e  o balanço de riscos no cenário internacional, que se tornou menos favorável recentemente devido à perspectiva de mais altas de juros nos EUA e incertezas eleitorais na Europa”, conclui o Itaú.

UBS reduz IPCA no ano, mas vê projeção de 2019 impedindo mais cortes de juros

O UBS revisou a projeção para o IPCA deste ano, de 3,7% para 3,6%, graças ao melhor cenário para alimentos. Porém, a projeção para 2019 continua em 4,25%, exatamente o percentual da meta do Banco Central para a inflação, diante dos riscos locais e internacionais até lá. O UBS espera que o BC corte a taxa Selic mais uma vez, para 6,5%, e mantenha esse percentual pelo resto do ano. “Em nossa opinião, um eventual novo corte em maio vai depender se as surpresas da inflação para baixo vão continuar reduzindo as expectativas para o IPCA de 2019”.

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