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Após rejeição da reforma trabalhista, Ibovespa cai 2% e dólar sobe 1,3%; petróleo derruba bolsas

A derrota do governo na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado mostrou que o governo de Michel Temer não conseguiu recuperar o apoio da base, afetado pelo escândalo das denúncias do sócio da JBS, Joesley Batista, e reduziu um pouco mais o otimismo do mercado com relação à aprovação da reforma da Previdência. Com isso, o Índice Bovespa recuou 2%, para 60.766 pontos e o dólar subiu 1,3%, para R$ 3,331. Os juros futuros voltaram a superar os 9% para o curto prazo e os 10% ao ano nos prazos mais longos, levando o Tesouro Direto a suspender os negócios no início da tarde.

O mercado já vinha fraco, devido à queda nos preços do petróleo no exterior, que entraram em tendência negativa pela primeira vez desde 2016, enfraquecendo as empresas do setor nos índices das bolsas internacionais e as moedas dos países exportadores. O movimento foi agravado pelo cenário político interno.

O impacto foi maior porque a derrota foi marcada pelos votos contrários de dois senadores da base, um do PSDB e outro do PMDB.

Projeto ainda deve passar, avalia MCM

A derrota do parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) na CAS, porém, não impedirá a continuidade da tramitação do projeto de reforma trabalhista, avalia a MCM Consultores, que lembra que ela agora seguirá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde tende a ser aprovada, e depois ao plenário.

Mas a derrota inesperada na CAS pode atrasar ainda mais a tramitação da proposta, alerta a consultoria. Além disso, sinaliza que a crise pós JBS está sim interferindo na capacidade política do governo para levar adiante a agenda das reformas.

Temer conseguiu sobreviver na Presidência, mas seu governo ficou numa situação instável e continua a ser alvo de investidas cotidianas da imprensa e da Procuradoria Geral da República (PGR), avalia a MCM.

Não pode perder jogo de palitinho

O governo está naquela situação que não pode perder nem jogo de palitinho na esquina, afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais. “Todos os agentes dos mercados estão preocupados com a governabilidade do país e processo sucessório, portanto qualquer derrota é aproveitada pela oposição para bradar que o governo Temer não consegue aprovar mais nada”, diz.

Ele observa, porém, que o dia já estava complicado pela fragilidade das bolsas no exterior (começo do dia em alta, mas com viés negativo). A virada do petróleo no mercado internacional para queda acabou precipitando ainda mais. Outras commodities ajudaram no panorama mais negativo e a abertura em queda do mercado americano acabou consolidando tendência. Isso apesar de declarações mais favoráveis de formadores de opinião.

Só uma alta no Ibovespa no dia

Só um papel do Ibovespa em alta, Ambev ON (papel ordinário, com voto), com 1,12%. Todos os demais caíram, com destaque para Estácio Participações ON, com -7,11%, JBS ON, -5,35%, Eletrobrás PNB (papel preferencial sem voto, série B), -4,22%, BR Malls Participações ON, -4% e Lojas Renner ON, 2,95%.

O volume negociado ficou próximo da média do ano, com R$ 8,113 bilhões. Papéis importantes fecharam em queda, como Petrobras PN, 3,50%, Vale PNA, 2,87%, Itaú Unibanco PN, 2,20% e Bradesco PN, 2,33%.

Juros sobem

No mercado de juros, os contratos de DI para 2018 fecharam projetando 9,05% para este ano, ante 9,01% ontem. Para 2019, a taxa subiu para 9,05%, ante 8,96% ontem. Para 2021, a taxa fechou em 10,11%, para 9,99% ontem.

Na Europa, as bolsas fecharam em baixa, com o índice Euro Stoxx caindo 0,53%. O Financial Times, de Londres, recuou 0,68%, o DAX, de Frankfurt, 0,58% e o CAC, de Paris, 0,32%.

Nos EUA, o Índice Dow Jones recuou 0,29% enquanto o Standard & Poor’s perdeu 0,67%. O Nasdaq recuou 0,82%. A queda do petróleo, que entrou em território de baixa de acordo com analistas gráficos, ajudou a derrubar as bolsas no exterior. O aumento da produção da Líbia e Nigéria e estoques mundiais ainda altos levaram os preços para os menores níveis deste ano, com o petróleo tipo WTI caindo 2,2% em Nova York, para US$ 43,23 o barril, e o Brent, de Londres, com queda de 1,9%, para US$ 46,02 o barril, os menores preços em nove meses, segundo as agencias Bloomberg e o The Wall Street Journal.

 

 

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