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Com agronegócio, país cria 9,8 mil empregos em junho e tem melhor 2º tri desde 2014, com 104 mil vagas

O mercado de trabalho brasileiro abriu 9.821 novos postos em junho, variação de 0,03% em relação ao mês anterior, graças ao bom desempenho do agronegócio. Os demais setores, com exceção do setor público, registraram mais demissões que contratações. O número ficou abaixo dos 28 mil empregos esperados pelo mercado, segundo a Bloomberg.

Essa é a terceira expansão consecutiva e a quarta registrada no ano, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgadas hoje. No acumulado do segundo trimestre, foram criadas 104 mil vagas, a primeira vez que se tem três meses seguidos de aumento de emprego desde julho de 2014, observa a consultoria Rosenberg Associados. Só o setor agropecuário responde por 97,5 mil vagas no trimestre, tanto pela sazonalidade quanto pela safra recorde de grãos.

Sem efeitos sazonais, emprego cai e construção puxa baixa

Sem efeitos sazonais, ou em termos dessazonalizados, o que elimina os efeitos da safra agrícola, o saldo entre admissões e desligamentos foi de -20 mil vagas, abaixo do registrado em abril (-12 mil) e maio (zero). A Rosenberg chama a atenção nesse tipo de análise para a retração de 13 mil vagas no setor de construção civil, que apresenta o pior desempenho setorial neste ano.

Houve uma leve aceleração do ritmo de desligamentos em termos dessazonalizados: de 1,17 milhão em maio para 1,18 milhão em junho, ao mesmo tempo em que as admissões passaram de 1,17 milhão para 1,15 milhão.

Para o ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, os dados mostram que “a economia dá sinais de recuperação”. “É melhor que seja gradual, em patamares menores, do que termos uma bolha. Isso nos dá a sinalização de que a economia se recupera de forma positiva”, afirmou.

Até junho, 67,4 mil vagas a mais

O resultado do Caged é resultado da diferença de 1.181.930 admissões e 1.172.109 demissões. No acumulado do ano, o saldo alcançou 67.358 vagas de emprego abertas. No mesmo período do ano passado, o saldo foi negativo, com 531.765 postos de trabalho fechados a mais que abertos. O resultado acumulado nos últimos 12 meses ainda aponta uma redução de 749.060 postos de trabalho.

“Nós gostaríamos de comemorar números melhores, mas o Brasil é um país que tem especificidades e a economia é um conjunto de fatores – externos e internos. O governo está cumprindo seu papel no sentido de dar sinais para o mercado, com a aprovação de reformas. A expectativa é que se mantenham os números positivos até o final do ano”, ressaltou Nogueira.

Agronegócio cria sozinho 37 mil vagas

No mês de junho, o saldo positivo do Caged foi impulsionado pela agropecuária e pela Administração Pública. Em junho, foram criados 36.827 novos postos de trabalho na agropecuária, repetindo o desempenho do setor em maio, quando registrou um saldo positivo de 46.049 novas vagas. O setor de produção de café repetiu o desempenho do mês de maio e foi novamente o destaque do período, com 10.804 vagas abertas, concentras em Minas Gerais.

A Administração Pública fechou o mês com a criação de 704 novas vagas de emprego, um aumento de 0,08%.

Indústria, serviços, comércio e construção demitem

Já os demais setores tiveram saldo negativo de emprego, com mais fechamentos de vagas que aberturas, como a construção civil (redução de 8.963 postos de trabalho), indústria de transformação (redução de 7.887 postos), serviços (redução de 7.273 postos) e comércio (com o fechamento de 2.747 vagas de trabalho).

Segundo o ministro, no caso da construção civil, o setor deve retomar a geração de empregos nos próximos meses. “Não é possível que a construção civil se perpetue todos os meses apresentando números negativos. Construção civil para gerar emprego demora, tem a fase dos projetos, das licenças, das organizações das plantas de construção, isso leva de seis a oito meses. Todos os setores que apresentaram números negativos, quando se faz o comparativo com ano passado, os números são muito menores”, comparou.

Sudeste lidera criação de vagas

O desempenho do emprego com carteira assinada foi liderado pela Região Sudeste, com a criação de 9.273 novos postos de trabalho, puxado por Minas Gerais, favorecido pela agropecuária e serviços, com saldo positivo de 15.445 vagas criadas. A Região Centro-Oeste abriu 8.340 vagas, impulsionada por Mato Grosso, principalmente por setores como a agropecuária, comércio, serviços, construção civil e indústria da transformação. Goiás também teve expansão com a criação de 4.975 novos postos de trabalho, refletindo o setor de indústria da transformação, serviços e construção civil.

Salário médio de admissão sobe 3,4%

O salário médio real de admissão teve elevação de 3,4% em junho sobre o mesmo mês do ano passado, após 3,8% em maio, observa a MCM Consultores. Apesar da desaceleração do salário nominal (de 7,3% para 6,1%), a desaceleração da inflação acumulada medida pelo INPC foi responsável pela elevação. Assim como nos meses anteriores, as maiores contribuições vieram dos setores de serviços e comércio. Na comparação com o mês anterior, houve recuo de 0,1% em relação a maio. Já o salário real de demissão cresceu expressivos 5,3% em relação ao mesmo mês de 2016 (ante 3,0% em maio), com elevação de 1,3% na margem.

Reforma Trabalhista

A expectativa do governo federal é a geração de 2 milhões de postos de trabalhos nos próximos dois anos. A previsão, segundo Nogueira, será conduzida por atividades que utilizam contrato com jornada parcial, trabalho intermitente e home office – quando o trabalhador exerce suas atividades de casa ou em outro local fora da empresa.

“O governo tem tomado medidas concretas. Ordenou as suas despesas, isso é um sinal muito importante para o mercado. O segundo sinal é a segurança jurídica: através da reforma trabalhista se sinaliza para o empregador não ficar com medo de contratar.”

Melhora lenta e gradual

Aos poucos, o mercado de trabalho vai mostrando sinais de melhora, até antes do que o imaginado – em geral, há defasagens entre a retomada da atividade econômica e seus impactos sobre o emprego, diz a Rosenberg. Oscilações no ritmo de melhora são naturais e compatíveis com a recuperação lenta e gradual esperada para a atividade econômica como um todo.

Já a MCM diz que os dados do Caged de junho reforçam a visão de que o mercado de trabalho deve se recuperar a passos mais lentos no restante deste ano. E destaca que não apenas o saldo com ajuste sazonal se tornou mais negativo neste mês como o patamar de admissões e demissões ainda se encontra baixo, o que sinaliza baixa rotatividade. “Assim, esperamos saldo positivo do Caged apenas no início de 2018”, diz a consultoria.

As informações são da Agência Brasil.

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