Ações, Ações na Arena

Semana tem IPCA-15, prévia da inflação oficial, arrecadação, TLP, reforma política

Encerrada a temporada de balanços, que apontou uma queda de 13,2% no lucro das empresas da Bovespa no 2º trimestre (estudo da Economática), com retração em metade dos 24 setores analisados sobre igual período de 2016, o mercado entra na última semana de agosto de olho nos indicadores de atividade econômica e também no cenário político, fundamental para traçar os destinos da política fiscal no país. Entre os destaques, o IBGE divulga o IPCA-15, que serve de prévia do IPCA, usado pelo Banco Central (BC) em suas metas de inflação.

Para a equipe do banco Bradesco, os indicadores divulgados na última semana reforçaram a visão de estabilidade, corroborando, mas sem grande otimismo, a expectativa de retomada gradual da economia brasileira neste terceiro trimestre.

Os desempenhos do comércio varejista, do setor de serviços e do IBC-Br (proxy mensal do PIB) foram favoráveis em junho. “Ainda assim, esses resultados foram insuficientes para proporcionar a expansão da atividade econômica entre abril e junho. Esperamos que o PIB do segundo trimestre tenha mostrado ligeira retração ante o trimestre anterior, de 0,3%”, diz relatório do banco.

Na agenda desta semana, os analistas destacam a divulgação das notas do Banco Central, do setor externo e do crédito de julho, na quarta e quinta-feira, respectivamente. A expectativa do Bradesco é que o déficit externo em conta corrente chegará a US$ 3,8 bilhões, enquanto a entrada de investimento direto no país deverá somar US$ 4,8 bilhões no período. Também na quarta-feira, sai o resultado do IPCA-15 de agosto, para o qual a estimativa do Bradesco é uma alta de 0,40%.

De olho na arrecadação

Como a semana passada terminou com enfoque em discussões em torno das complicações orçamentárias do governo, discussões sobre a votação das medidas fiscais, na pauta do Congresso, devem ganhar as atenções; um dos destaques para a semana será a divulgação da arrecadação federal. A estimativa do Banco Fator é de um fraco resultado de R$ 109,937 bilhões, 2% nominais acima da arrecadação de julho de 2016. Para os analistas do Bradesco, a estimativa é que some R$ 108,6 bilhões, uma queda interanual de 1,4% em termos reais.

O cenário político é o destaque no radar do banco Fator. Analistas da instituição também lembram que o principal evento da semana, a despeito da reação moderada das agências de rating, foi o anúncio sobre a mudança, para pior, das metas de déficit fiscal primário para 2017/2020. “As próximas semanas seguirão recheadas de atos e fatos políticos importantes para os destinos da política fiscal”, ressaltam em relatório.

TLP em votação

Além das medidas em estudo na área econômica, inclusive revisão de vetos presidenciais, temas como a TLP (Taxa de Longo Prazo) serão submetidos à votação no Congresso. Elemento que condensa a mudança no papel do BNDES e do crédito subsidiado, com peso fundamental na capacidade de o mercado prover financiamentos de longo prazo, a TLP, diz o Fator, pode ser vista como símbolo da gestão Henrique Meirelles. A previsão é que, na próxima terça-feira, a MP que cria a taxa de longo prazo deve ser votada pela comissão especial e, na sequência, seguir para os plenários da Câmara e do Senado.

Orçamento de 2018

Outras questões em foco citadas pelo banco são o projeto de lei do orçamento para 2018, que estará na pauta do Congresso, bem como a “reforma política”, tensionando o período. O Fator destaca ainda a divulgação, pela FGV, de mais uma rodada de indicadores de confiança, desta vez do comércio e do consumidor. “Tais indicadores pioraram fortemente em junho, como efeito da crise política inaugurada em maio, mas apresentaram alguma recuperação em julho”.

IPCA-15, prévia da inflação

Para o IPCA-15, do IBGE, a equipe do banco estima alta de 0,24% em agosto, o que levaria o acumulado em 12 meses para 2,57%. A mudança prevista na trajetória deflacionária do índice, destaca, se deve ao aumento de impostos e da bandeira tarifária, que devem ter impacto nos preços do combustível e contas de luz. A estimativa para o IGP-M de agosto é de alta de 0,07%, com o acumulado em doze meses ainda no vermelho, em – 1,74%.

Indíces internacionais medem atividade e confiança dos investidores

A agenda internacional, na visão do Bradesco, estará concentrada nos indicadores antecedentes de atividade das principais economias, que podem confirmar a tendência de moderação neste terceiro trimestre. Nos EUA, o banco destaca as prévias dos índices PMI (Purchasing Manager’s Index, ou índice de gerentes de compras, que serve de prévia da atividade econômica), na quarta-feira; na Área do Euro, as prévias dos PMIs, além dos índices Zew, que determina a expectativa dos investidores institucionais, e IFO, de Clima de Negócios na Alemanha, na terça e sexta-feira.

Jackson Hole e Fed

Para o banco Fator, o mais relevante na agenda econômica internacional será o Simpósio Anual de Jackson Hole, tradição do Fed de Kansas City. O evento reúne presidentes de BCs, ministros de finanças, acadêmicos e participantes do mercado para debate de temas de interesse econômico e financeiro e acontece entre os dias 24 e 26 de agosto.

O destaque da semana na Europa, sinaliza relatório do banco, será a divulgação dos PIBs da Alemanha e do Reino Unido. Na Ásia, o Japão publica, na segunda-feira, o dado mensal da produção industrial (o desempenho do último mês foi queda de 0.9%), além de números sobre inflação. No sábado, a China divulga a variação ano a ano do lucro total da indústria.

Pauta fiscal no centro das atenções

A pauta fiscal e reformista segue no radar, sendo o próximo capítulo na terça-feira próxima, com a votação do parecer da MP 777, que trata da TLP, e também a votação da reforma política, que discorre em especial sobre a criação do fundo público para financiamento de campanhas, bem como a mudança do sistema eleitoral para o chamado “distritão”, avalia a BB Investimentos. Na agenda econômica, o banco destaca o IPCA-15 de agosto, dados de crédito do Sistema Financeiro Nacional de julho, arrecadação de impostos de julho e confiança do consumidor da Fundação Getulio Vargas e da Confederação Nacional da Indústria de agosto.

 

Artigo AnteriorPróximo Artigo